quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Aridez.


A madrugada me consome como tem feito nos dois últimos meses.
Lá fora um calor de verão que faz as pessoas se despirem quase que por completo.

Aqui dentro do meu quarto, um calor humano que me faz querer estar coberto com duas mantas.
Fumaça no ar, me acolhendo na última madrugada do ano.
Minha insônia querida de todos os dias cisma em não me deixar.
Com ela não me deixando, crio meu mundo paralelo dentro de um cômodo ocupado por quinquilharias do passado, meu, e de outros.
Parece que a única coisa viva que habita esse quarto é a planta que meus pais compraram, e que está aqui, como todos os anos fazemos.
Eu, uma folha seca, morta e amarelada, como a manta que me cobre.
A tristeza de pré-constatar que passarei a noite do Ano Novo sozinho me consome, assim como a brasa do incenso consome o pó de que é feito.
Os vasos de barro que ganhei há tempos ainda esperam seu canto; o copo de água sagrada ainda espera há mais de uma semana seu local de despejo; a bagunça generalizada ainda espera quem a desfaça.
A única coisa nova, límpida e branca é a manta nova que cobre a cama, porque todo o resto é amarelado, velho, seco e árido.

Faltam pouco menos de 24 horas pro novo ano.
Daqui a poucas horas, o mundo festejará a virada, e eu, provavelmente ‘sozinho’ darei as benditas boas-vindas à 2010.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

De novo.


Ficar até de manhã conectado esperando ele chegar.
Ele não chega, ir dormir pensando nele.
Ele chega, papeia até quase de manhã, se deita na cama, olha pro teto, e pensa.
Ouve as mesmas músicas.
Chega cansado, senta e o procura.
Escrever isso aqui, e achar ridículo.
Ser ridículo.
Se sentir bem. Perto. Alargar sua vida, tatuar sua alma.
Estou sentindo.
"Eis a Lapa", Caê.
Foi na Lapa.
De novo. De novo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Penso nele.



Já é madrugada, e o sono não me vem. Penso nele, ou melhor, neles.
Depois de horas de papo com o poço encantado, parece que a coragem toma conta do meu corpo e da minha cabeça. Mas o meu lado “normal” logo chega dizendo que eu não sou capaz de fazer aquilo que desejo. A quem dar razão? Em quem acreditar? O que fazer? Não sei. Ou melhor, até sei, mas me falta, como sempre, a coragem. Fato recorrente.
É começo de noite, estou me arrumando para encontrar Ele, aquele que eu tenho pensado. Coloco uma roupa que me sinto bem, confortável. Um sapato fechado, já que está chovendo um pouco. Um cachecol, e borrifo em mim o perfume que Ele gosta. Tenho que correr, porque Ele está lá embaixo me esperando, e debaixo de chuva, tadinho. Não há muitas pessoas na rua, por causa da chuva. Eu saio do elevador, Ele está ali na frente me olhando de longe. Vou ao seu encontro, abro o portão do prédio, e Ele vem me abraçar. Ficamos abraçados, sentindo o cheiro do outro, a respiração ansiosa de nos ver, então Ele me dá um beijo na boca, leve. Pegamos o carro dele, e partimos rumo a um bistrô simpático e pequeno num bairro igualmente simpático e calmo. No carro, Ele me elogia, diz que estou cheiroso, bonito, bem arrumado, e que estava esperando ansiosamente para me encontrar. Chegamos no tal lugar, sentamos na mesa, bem reservada, de modo que possamos trocar carinhos sem sermos percebidos.
Comemos, bebemos, conversamos, trocamos carícias quase apaixonadas, pedimos a conta, e partimos para minha casa. Ele estaciona o carro ali perto, subimos no elevador, e chegamos ao meu apartamento. Nos beijamos intensamente, calorosamente, como dois animais loucos por prazer. Insanos. Ele beija meu pescoço, eu faço o mesmo. Ele me deita na cama, tira minha roupa, tira a Dele, e fazemos amor como dois apaixonados. É intenso, puro, verdadeiro. É só.


Guardo essa sensação, e paro aqui.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Qualquer outra espécie de dor.



“(...)
Fosse amor ou desamor
Ou qualquer outra espécie de dor
Eu quero mais ser imortal,
Quero ser o meu futuro ancestral
Quero mais tabacaria,
Mais pessoa, mais Maria,

Mais vinho, mais poesia”.

Não gosto de vinho. Não fumo. Mas queria que minha vida fosse recheada dessas coisas, no sentido mais puro que isso possa parecer. Não desejo passar a fumar, ou a tomar vinho, mas estar, fazer acontecer situações onde se possa tomar um vinho em paz, ou fumar um cigarrinho em paz, conversando com seus amigos, no seu apartamentinho minúsculo, porém SEU, com a sua cara. Uma boa música tocando, um bom incenso aceso, livros espalhados pela sala. Pra começar, estamos na sala. Eu, o poço, e alguns que imaginei. Sei bem quem são. Então, eu falo uma poesia de Dona Sophia, outro rebate com Pessoa, um terceiro fala a letra de uma canção, um quarto dá uma forte gargalhada, e serve as taças vazias com mais um pouco de vinho, tinto. Eu, fico na água, em temperatura natural. O disco acabou, me levanto, e coloco pra tocar um disco antigo, da minha querida Dolores. Primeiros acordes, e...”hoje, eu quero a rosa mais linda que houver, e a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu bem”. Sentimos o primeiro minuto da canção, belíssima. O telefone tocou, um instante. (era seu namorado, avisando que está chegando com uns queijinhos) Ele sabe que você ama queijo. Estão completamente apaixonados um pelo outro. Já estão juntos há quatro meses. Pode parecer pouco, mas pra nós, intensos, já é um longo período. A luz está baixa, é noite de lua nova, abençoando os namorados. Ela nos ilumina, e então a reverenciamos, “Nossa Senhora do Silêncio”. O queijo que ele trouxe está uma delícia, todos partilham disso. De repente o poço se levanta num rompante, e começa a falar aquele poema que você ama, “Passagem das horas”, e você delira. Falam juntos, riem, estão felizes, são felizes. Se amam também. Aquela energia boa toma conta da sala, como uma droga quando faz seu efeito. Todos se drogam, só que de amor, de intensidade, de luz, de paixão ardente, de encantamento. Riem, falam, gargalham, se abraçam, se beijam, transcendem. São únicos em sua beleza, e só.

Não quero cortar esse momento, porém paro aqui, preenchido por essa sensação. Preciso disso, vou ter isso. Repito, vou ter isso.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A ausência do poço.



Faz tempo que não visito o poço encantado. Não o vejo, nem jogo uma pedrinha, não falo com ele, não o toco, nem sinto seu cheiro. Mas é certo que outros o visitem, assim ele nunca fica sozinho. Para falar a verdade ando meio afastado dele, e não sei porquê. O amor e o carinho que eu sinto por aquele poço é tão grande que transcende qualquer distância, qualquer telefonema não vingado, qualquer visita não feita, e a ausência. Ah, a ausência...
Sinto muito a falta dele, mas acredito (prefiro acreditar) que ele também sente a minha. Vejo que ele vive cheio de água, de emoções, de pessoas em volta, de amigos, de encontros, saídas, e afins. Mas a minha companhia tem sido escassa. Uma pena, já que o amo tanto.
Andei pensando, e acho que hoje vou lhe fazer uma visitinha. Fui numa loja de essências e comprei um vidrinho de essência de jasmim, para jogar em seu interior e perfumá-lo. Comprei lindas flores, das mais variadas, e vou deitá-las ao seu lado. Encontrei em meio aos meus livros de poesia, um poema lindo chamado “A ausente”, de autoria do saudoso Vinícius de Morais, e irei recitar pra ele.
Ele diz:

“Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus
Em algum lugar tuas mãos se crispam, (...)
Tu desfaleces e caminhas, como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. (...)
Vem, amiga
(...)
Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...”

A possível conotação sexual do poema inexiste nessa situação. Só sinto um enorme carinho e amor de irmão pelo poço (por ela).
Será que ele vai me receber bem nessa visita de hoje? Será que ainda vamos ter papo um com o outro? Espero que sim, espero muito que sim.
Ele é muito precioso para perdê-lo de vista assim tão fácil. Não perco mesmo.
Te amo, meu poço querido. Me banhe com tuas águas claras e puras. Me emocione, me inspire, me lave a alma toda vez que precisar.
Estarei sempre te olhando de longe. Ou de perto, se você deixar.
Me espera, já estou chegando.

(para Si, minha doce poetisa, irmã de alma).

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Quando o poeta ama.



Eu te amo até o dia em que eu for na Lua.
Eu te amo até o dia em que o Sol morrer, e não mais brilhar.
Eu te amo como a uma flor, desabrochada, linda.
Tenho insônia só de pensar em ti, daí ouço uma música, acendo um incenso, e durmo como se estivesse abraçado a você.
Te amo até meus dias acabarem, meu ar faltar, minha fala acabar, meu sexo murchar, e minha vida se esvair.
Até o dia em que a Terra parar de rodar, entrar em choque com o Universo, e eu gritarei seu nome em meio a uma praça lotada de pessoas com medo do que estará acontecendo.
Eu te amo ouvindo Dolores, Maysa, a abelha rainha, sempre.
Sabe sempre? Então, eu te amo assim, para ele (ou ela).
Te amo até quando formos uma estrela, brilhando no céu, lado a lado.
Até quando jogarem pétalas de rosa branca sobre o meu corpo, imóvel e inativo.
Amo profundamente você, sua beleza, seus cabelos, suas mãos que me tocam, sua pele macia, sua boca, seu corpo, seu colo.
Seu olhar de ‘ternura antiga’, naquela rua escura, no vento frio.
Te amo até o dia em que vamos encontrar a estrada do Sol, e vamos caminhar rumo à ele, a estrela maior.
Te amo ouvindo Yann, um pianinho baixinho, ou um samba-canção do Caymmi.
Abro a janela do meu coração e só vejo sua figura, olhando pra mim, sorrindo, e me chamando: “Vem, me dá a mão...”
Então eu vou até o seu encontro, te beijo, te cheiro, sinto tua pele sedosa, macia, encostando na minha.
Em você eu me encontro, me satisfaço, me lambuzo, me encho de prazer.
Eu te amo quando os sinos tocam. Quando transamos à beira mar, na areia pura, naquela praia distante de tudo.
Te amo recitando Pessoa, Dona Sophia, Clarice, sabendo de muita coisa que vimos juntos.
Te amo agora, neste exato momento. Te amo porque você acabou de me ligar, dizendo que chegou bem em casa, e que agora vai dormir pensando em mim.
Eu te amo do tamanho de uma vida longa, cheia de prazeres.
Amo ser amado também por você.
Sentar do seu lado, numa manhã de sol brando, num banco de praia, e ficar admirando a beleza e a grandeza do mar azul. Fitar o Atlântico.
Por você eu atravessaria o Atlântico num bote à remo. E encontraria você do outro lado do continente, sob a pele nua, em cima de uma pedra bem alta.
Lá faríamos amor, juras, promessas.
Te amo tanto que me faltam palavras, mas tento prosseguir.
Só você cura minha insônia, quando nos falamos à noite.
Só você me diz coisas bonitas o tempo todo, e eu acredito em tudo.
Lembra do dia que você me olhou carinhosamente, naquele deserto de Sal, sem nada nem ninguém, e me disse: “Eu te amo do tamanho disso aqui”, lembra? Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Tanto que peguei um pouquinho do sal onde estávamos pisando e guardei num vidrinho. Guardo-o com o maior carinho do mundo.
Nossa, lembra aquele outro dia em que o beija-flor que passava por nós pousou no seu dedo indicador, e bateu suas asinhas sem parar, rápido demais, lembra? Então, meu coração bate assim quando te vê.
Até depois que ele não bater mais, eu vou continuar te amando.
Você me ensinou a magia de viver intensamente, como se hoje fosse o último dia da minha vida.
E se hoje fosse o último dia da minha vida? O que eu diria pra você? Eu não diria nada, eu apenas me despediria com um beijo carinhoso na sua boca, um abraço apertado, e te daria adeus. Tudo que eu tinha pra dizer eu já disse a vida toda, todo dia.
Não me bateria nenhuma tristeza, pois eu tenho a plena certeza que nosso amor vai além desse plano.
Mudando um pouco o que disse o Pessoa, você reinou no que eu sempre fui, sou e serei.
À você escrevi inúmeras cartas de amor, e você idem. As guardo numa caixa vermelha, cor da nossa paixão.
Como Fernando Pessoa sempre permeou nossas vidas, mais uma vez eu faço uma referência a Ele: ele dizia que tinha “uma espécie de dever, de dever sonhar, sonhar sempre”. E é o que fazemos juntos.
É uma pena, uma grande pena, que não saiba seu nome até hoje, que não saiba onde você mora, nem sequer sua idade. Você, tão sonhada e querida pessoa, não existe. Só existe nos meus sonhos. Neles você reina absoluta, mas na vida real não. Na vida real, você não é nada.

sábado, 22 de agosto de 2009

A velha história.



Ah, mais uma noite de festa, mais uma daquelas, mais garotos soltos na negra luz, mais sonhos, desejos, mais flertes não vingados, mais essa velha e conhecida história. Um episódio que se repete, às vezes a cada semana, a cada quatro ou cindo dias. Os gatos pardos passam por você na noite negra que se ergue e começa felicíssima. Pequenos passeios, mesas de bar, seus conhecidos, outros amigos, e a boemia, sua colega. Sobe-se uma ladeira semi-escura, chega-se ao lugar enfim. Reencontro de amigos, velhos e novos, olhares soltos e perdidos. Alguns olhares certeiros, sempre à procura de algo, ou alguém. Algum gato pardo manso que queira um urso carente e sem pêlos. São vários nesse momento de busca, mas você os põe na balança rapidamente, e pesam quais são os mais bem cotados. É ele! Aquele, de camisa de malha, manga comprida, branca. Ou então se esse não der pode ser aquele outro, sei lá, algum outro. A sua primeira opção toda hora vem te abraçar, manda beijo, grita seu nome lá de baixo, ora lá de cima, vem, te abraça de novo, e claro, você cria aquela enorme expectativa. Rolar ou não rolar. Falta de alguns amigos, sorte de fazer outros. A hora passa, e nada acontece com você. E ao redor, simplesmente tudo acontece, é incrível. Louvável, como diria aquele pequeno grande homem. Você na sua ansiedade de ficar bêbado e louco, bebe exatamente sete doses de vodka com limão e açúcar, entremeado com uma água. Sente vontade de (...), pra sua pequena tristeza. Se senta no primeiro andar, quase encosta a cabeça na mesa com tampão de mármore, dando a nítida impressão que as coisas não vão muito bem. Mas você resiste, e não cai, fica firme, mesmo sentindo uma leve tontura nos Andes. Os gatos pardos passam, voltam, passam de novo, e nada. A festa termina, a luz se acende, e as máscaras se revelam. Caras desbotadas, borradas, transfiguradas devido ao álcool aparecem na clareza do dia que começa a nascer. Aquela pinta costumeira de fim de festa, conta paga, despedidas, inclusive com o da malha branca, táxi, lanche, e casinha. Aí aquela velha baboseira de sempre, o mesmo ritual. Até que enfim, você senta na sua cadeira negra, olha pra tela do seu computador, abre essa página, e começa a escrever sobre tudo que se passou há poucas horas atrás.

Termina, se fecha, deita na cama, e torna a sonhar, tal e qual fez na negra nova passada.

domingo, 2 de agosto de 2009

Ela. Ah, ela.



Você voltou pra casa na expectativa de falar com ele. E conseguiu! Só que não foi como você esperava. Você esperava mais, muito mais. Sempre mais. Infelizmente enfim, ele foi dormir, e você ficou sem dormir pensando nele. No seu rosto delicado, na pouca barba, na sua boca gostosa, no seu corpo que te chama atenção, no seu jeito meigo e carinhoso. E no seu olhar, misterioso, não sei de quero ou não-quero. Aquela velha ilusão de sempre, aquela velha e conhecida expectativa gerada ansiosamente, mas tudo bem. Deixemos rolar. Mais uma vez a madrugada foi cheia. Cheia de encantos, de um papo incrível, com uma pessoa igualmente incrível. Intensamente bela, puramente sedutora, claramente linda, e o melhor, uma grande amiga.
Olho pra trás, e a fumaça, sua velha e querida conhecida, toma conta do quarto. Suas músicas belíssimas te encantando, te trazem aqui, ao seu cantinho preferido, lugar onde pouquíssimos tem o prazer de entrar e conhecer. Descobrir, desvendar, caçar, pra poucos.
Ela sempre com palavras bonitas, papos maravilhosos, alma de poetisa, voz de sedutora, experiência de mais de quatro décadas vividas com intensidade. Intensidade esta nas palavras, nos gestos, no olhar, na escrita, nos versos, nos conselhos, na feminilidade sempre aflorada e desejada.
Si, que emoção ser por ti tão querido, tão amado, e bem visto. Assim te vejo, assim te sinto, te observo, te leio, te devoro, a cada palavra bem dita, a cada papo diário, noturnos e profundos.
Si, seguir-te-ei caminhando pela vida afora, cantando, falando suas poesias, as minhas, criaremos ‘vida’ em nossas vidas.
Amo-te, apaixono-me a cada instante vivido com você. Minha irmã de alma.


Si.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Minhas noites.



Nas minhas noites eu escrevo, e recito poemas, em voz alta é claro. Sempre leio trechos dos livros que estão à minha volta, muitas vezes o mesmo por noites seguidas. Quando “pedem” recito o mesmo poema, aquele que acabei de recitar, ou aquele de ontem. Quando a Energia pede, quero dizer. E pensar que há pouco tempo atrás minhas noites eram terríveis, só de imaginar essas horas já me batia aquela angústia, minha velha conhecida. Porém de uma hora pra outra, percebi que havia algo de diferente naquele quarto entulhado de coisas e de fumaça. Eu havia transformado completamente “a desconhecida”. E isso era tão bom! Ou melhor, É bom, ótimo! Aquela angústia já não existe mais, e todo aquele sentimento ruim se foi. Agora só restam as poesias, a fumaça, as músicas lentas e suaves que tanto gosto, meu edredom querido, e uma energia incrível, que EU criei. Sem ajudas, somente eu sozinho no meu quarto, rodeado dos livros que amo, da fumaça que me vicia, no bom sentido, no cheiro perfumado, meus quadros, meu ninho, meu refúgio. Nada dos problemas do dia-a-dia, nada de angústias comuns, nada de ruim. Tudo isso eu deixo lá fora, e da porta do quarto pra dentro só paz, só calmaria, só carinho e afeto, e uma solidão, gostosa de sentir e de estar.
Meu incenso preferido aceso me traz uma sensação incrível, que só eu sei, de acolhimento, de paz interior, de cobertura. Hoje eu sei a hora certa de acendê-lo, a hora exata, só pela energia do momento. Agora enquanto escrevo é um ótimo momento para acendê-lo, e ele está aceso. O ventilador desligado, devido ao frio, faz com que a fumaça dele saia lenta, linda, bailando pelo ar, tal como eu gosto de vê-la. Ela vai preenchendo o ar do quarto, até que ele fique coberto de ‘Flora’.
Hoje, nas minhas noites, eu ouço e vejo o “mar”, encontro “pessoas” formidáveis, ouço e sinto o amor, a paixão. E ouço os sinos, eles são in-críveis. É lindo de ver, de ouvir, de sentir. Sinto-me repleto.

domingo, 19 de julho de 2009

E sonha.



Mais uma vez você arriscou. E foi ótimo como da outra vez. Você encontrou amigos, uma amiga querida, e ainda foi agarrado. No meio da noite a ligação que você quando recebeu imaginou quem era. O dito, o não dito, e você já entendeu tudo, devido ao seu profundo conhecimento da causa e dos envolvidos. Mas claro, aquilo te abalou, mas não como você imaginou que fosse acontecer. Na hora mesmo você parou e disse, pra você mesmo: Isso não te pertence, e você NÃO vai ficar assim. E assim foi. Continuou curtindo sua noite, numa boa, e até esqueceu daquilo. Claro que por alguns segundos você lembrou, já que sua cabecinha não pára, mas tudo bem, nada tão agravante. Logo depois cantadas e mais cantadas, apertos, cheiros, beijos não dados, e você resistiu. E não se abalou, por incrível que possa ser. Por que você não se abala com "isso"? Acho que você sabe, mas é melhor deixar quieto. Enfim, você correu de lá, chegou em casa, sentou aqui e pronto, está terminada a noite. Aí vem todo aquele ritual, incenso claro, punheta quem sabe, isso aqui, água, poesia, pensamentos, pensamentos, e mais pensamentos.
Até que você adormece, e sonha, sonha e sonha.

domingo, 28 de junho de 2009

Deixa estar.



Por que esses assuntos te deixam tão atônito? É estranho o que sinto, mas não sei não sentir isso. Pelo menos por enquanto.
Talvez, num futuro próximo. É como se a história se repetisse, sempre, naquele mesmo disco arranhado. Será que da mesma forma que eu escolhi “aquele” disco, eu escolhi esse também?
Já são cinco da manhã, e não tenho sono ainda. Depois de assuntos tão diversos, tão bonitos, tão ‘tão’. Você já imaginava que isso fosse acontecer, ou que isso estivesse acontecendo. Mas mesmo assim você fica incrédulo, e com outro sentimento. Sentimento este ‘irrevelável’. Revelável somente pra uma pessoa, com hora marcada e tudo. E pensar que tudo era tão diferente há tempos atrás, nossa. Isso te tira o sono, te tira o sossego. MALDITO SEJA, Deus que me perdoe. E ainda fico ouvindo essas músicas. Mas deixa estar, a minha também vai chegar. E quando chegar vai acabar com tudo. Eles é que vão ter esses sentimentos, vão ficar incrédulos, chocados, e principalmente com aquele sentimento ‘irrevelável’. “Um brinde” a essa noite tão calorosa. Boa, ótima, mas com percalços.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sinto muito a sua falta.



Ouvir aquelas músicas e relembrar dos bons tempos. É isso que tenho feito. Não só ouvindo aquelas músicas, mas as lembranças me vêm a todo o momento. Hoje, em especial, senti muito a sua falta. Muito mesmo. É como se tivesse batido um arrependimento de tudo aquilo que lhe falei, mas ao mesmo tempo, sei que precisava dizer tudo aquilo. Precisava mesmo, e assim o tempo passou, tudo aquilo se perdeu, ou está se perdendo, ao meu ver. E isso me entristece, muito. O bolo de aniversário de vários andares, com muitas velas acesas está caindo. Muitas fatias já foram cortadas, algumas com violência. Violência esta por ambas as partes, e por parte da chuva. As velas estão quase apagadas, mas eu ainda tenho uma caixa de fósforos e alguns poucos palitos dentro. Praticamente todo dia eu risco um palito e tento acender uma velinha, mas aí vem um vento de não sei onde e a apaga. Só que vejo que os palitos estão acabando, e não tem como comprar outra caixa, essa era a última das últimas. Substituir a massa do bolo também não tem como, muito menos o recheio. Alguns pedaços eu comi, há muito tempo, outros pedaços você comeu, outros ainda foram aqueles cortados com violência. Ainda agora, há alguns minutos atrás, você surgiu do nada, do escuro, e conseguiu acender uma velinha. Eu fiquei protegendo a chama para que ela não se apagasse. A chama durou pouco tempo, fiz o maior esforço, mas percebi que você deu uma assopradinha de leve, sem querer que eu notasse. Mas eu notei, e fiquei triste. Esse enorme bolo fica numa sala escura, num sobrado mal iluminado da Rua Amizade, número 0. Ele está no meio de uma sala, totalmente escura, e há somente um foco de luz em cima dele, iluminando-o bem. Hoje eu estava em pé ao lado do bolo, admirando-o, e de repente alguém acendeu um palito de fósforo do meio do breu. Era você vindo acender a velinha, e aconteceu aquilo que descrevi.
A sala é toda fechada, pois se entrar algum ventinho, as velas se apagam. Na porta do sobrado mal iluminado têm dois seguranças tomando conta da área. Porém eles não falam, são mudos. Não ouvem, são surdos. E não enxergam nada, pois são cegos. Só enxergam o breu, e vultos que passam por eles. Vez em quando algumas pessoas passam pela porta do sobrado, e abusam do não-poder dos seguranças. Essas pessoas tentam incendiar o sobrado, atiram pedras, tentam derrubar aquele lugar, e roubar o tão precioso bolo despedaçado.
Aquele bolo é sagrado, é muito precioso, e extremamente importante para mim. Acho que pra você também. Acho, não sei.
Uma vez, há algum tempo atrás, houve uma forte tempestade, que derrubou algumas telhas do telhado do sobrado, o que ocasionou goteiras na sala. Os pingos d’água caíam justamente em cima do bolo, e penetravam seu interior, tamanha a força da água. De madrugada, nesse mesmo dia, a chuva se intensificou, molhando mais ainda o bolo, lhe arrancando pedaços, tal era a violência da chuva. Logo que a chuva passou, fui visitar o sobrado, e tentei consertar o telhado da sala. Recoloquei algumas telhas, mas faltou um pedacinho de uma delas, e de vez em quando ainda cai uma gotinha de água no bolo, mas essa gota é menor. Esse bolo tem nome e sentimentos. Mas só quem sabe da existência dele somos eu e você. Quando nos conhecemos, fizemos uma espécie de pacto de que sempre protegeríamos esse bolo, e estamos aqui, desde aquele tempo, cuidando dele.
Ele é frágil. A massa dele é feita de carinho, tem recheio amor-de-irmão doce, com cobertura de perdão. Quando o fizeram, não capricharam na cobertura, e isso explica muita coisa.
Na ocasião em que guardamos o bolo lá dentro, deixamos um CD arranhado tocando todo o tempo a mesma música. Essa música se chama “Canção do amor sem fim”.
Todos os dias eu o visito, tento conversar com ele, mas tem dias que ele não me dá bola, em outros ele é até simpático. Ontem, quando fui visitá-lo, lhe dei um presente. Levei um pouquinho de calda de perdão, pra tentar repor a cobertura. Ele me retribuiu com um sorriso leve, e um obrigado meio rápido.
Sim, esse bolo sorri, ele chora, canta, dança. Tudo isso paradinho, em cima de uma mesa. Sempre tenho o cuidado de deixar o foco de luz que tem em cima dele bem aceso, para que ele não fique no escuro nunca. Ele tem medo de escuro.
Sabe, há algumas semanas, venho percebendo que alguns pedaços da massa foram arrancados, ou comidos, não sei. Mas como pode, se só quem entra lá somos eu e você? A não ser que você tenha comido um pedaço, ou arrancado...Mas você não teria essa coragem, de lhe arrancar um pedaço...Teria?
Cuido dele com o maior prazer. Passo horas com ele às vezes.
Ele bolo tem o poder de nos fazer feliz, de nos trazer tristezas. Ele nos causa sempre alguma sensação quando o vemos. Ele tem poder, e precisa ser cuidado, até quando nos for permitido.

Você quer continuar cuidando dele comigo?
Vem, me dá a mão...

sábado, 23 de maio de 2009

Falta de pele.



Sinto falta de toque, de pele, de corpo encostado no meu. A essa altura poderia ser o toque de qualquer pessoa. E já que não posso no momento ter isso, me satisfaço com uma colcha pesada. Mas a falta é grande, é como se meu corpo pedisse. Ele pede outra pele, eu lhe dou um pedaço de pano, e o resultado é meio estranho, mas funciona por enquanto. É sábado à noite, fico em casa, ouvindo as músicas que não sei os nomes, o incenso aceso, ventilador desligado, cheiro de poesia e palavras soltas no ar. Vontade de me jogar em cima de alguém, naqueles que você gosta, ou até naquele que você pensa em gostar. Como sempre sempre, lhe falta a bendita coragem. Sinto que está quase estourando, isso e outras coisas. Revê-los tem sido bem difícil. Oxalá a coragem lhe venha então.

domingo, 17 de maio de 2009

O poço.


Um poço. Profundo, bem profundo. Joguei uma pedrinha nele em janeiro, ou fevereiro, não sei ao certo, e ouvi um barulho. De cara, foi um barulho diferente, que me encantou, que me chamou a atenção, e me despertou a vontade de ir até esse poço encantado mais vezes. E fui. Certo dia, percebi que sua água estava mais rasinha, meio tímida. Na certa, ele estava com problemas. Como fazia pouco tempo que o visitava, preferi não perturbá-lo, e não joguei nenhuma pedrinha, o deixei quieto. Mas fiquei com ele na cabeça. Pensando muito naquele dia em que o vi retraído. Um tempo depois fui visitá-lo, e percebi sua melhora. A árvore que o cobre estava florida, cheia de bonitas flores branquinhas, puras e ingênuas. Peguei uma que estava caída, sozinha, no chão e guardei comigo. Guardo-a numa cestinha no meu quarto. Essa noite, ela me contou segredos, e estava linda, desabrochada como nunca. Ela me contou que a raiz de sua mãe, a árvore, fica no fundo desse poço, nas suas profundezas. Sua raiz é tão longa que chega até o fundo da Terra. Hoje fui visitar o poço encantado, fiquei em frente a ele, horas a fio, admirando sua beleza, sua delicadeza. Decidi cantar-lhe uma música. De tão emocionado com a canção ele começou a chorar, transbordando. Então me despedi dele, e já indo embora, eu ouvi sua voz me chamando. Ele me perguntou meu nome, eu o respondi. Depois lhe fiz a mesma pergunta, e ele me respondeu com felicidade: “Meu nome? Sílvia”. Agora que sei seu nome, que estamos mais íntimos um do outro, sempre que puder, sempre que precisar e quiser, vou lá visitá-lo. Vou alimentá-lo, jogando uma pedrinha, ouvindo o som que ela produz ao cair no fundo dele. Esse poço é encantado, é mágico, e estar perto dele me faz muito bem.

Te amo.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sonhe querido.



A comida me sobe e tenho preguiça de pensar. Tomo um gole d’água, escuto aquelas músicas agradáveis, sinto o cheiro do incenso queimando. Paro, escrevo, e penso. Depois tomo mais um gole d’água e escrevo, não querendo abandonar isso aqui.
Estou suando e sentindo frio ao mesmo tempo. Preciso de carinho, de abraços, de beijos afetuosos, e já que não tenho nada disso no momento, me satisfaço com uma colcha pesada, fofa, que me protege da noite, e dos medos. Ela me dá carinho, ela me conforta, e eu desejo por hoje ficar sozinho, mesmo que precisando disso tudo. Meu quarto cheira a “Flora”, e está imerso na fumaça, como eu gosto. Por instantes você pensou ter “perdido” a noite, seu bem-estar, mas depois de ler sua resposta tudo se clareou, parece. Debaixo da colcha pesada o suor escorre, mas prefiro ainda ficar coberto, assim me sinto protegido, dentro do meu ninho. A noite lá fora corre solta, cheia dos mistérios. Eles já fazem efeito dentro de você, e o torpor começa, mas você percebe que hoje, sexta-feira, a angústia é menor, quase não existe. Aquela angústia, quero dizer.
No táxi pra cá você desejou o seguinte: sentar num barzinho calmo, ou qualquer outro ambiente igualmente calmo, com uma música baixinha, ao lado de uma pessoa agradável, conversar sobre a vida, sobre o amor, sobre relacionamentos passados, caso existam, presentes, caso existam também, e futuros, que você realmente espera que existam. Depois pegar um táxi, ou uma carona com essa pessoa, chegar em sua casa no nível da rua, dar boa noite pro porteiro do prédio, subir pro seu apartamento, e curtir o resto da noite. Colocar um som bacana, acender seu incenso preferido, pôr uma roupa confortável, sentar ou deitar na sua cama ou no sofá, e pensar em como aquela pessoa é gentil e educada. De fato uma companhia agradável.
Ahh, sonhe querido, sonhe. Quem sabe um dia isso venha a se tornar realidade. Sonhar pra você, sempre.

domingo, 10 de maio de 2009

Ficar pensando, sempre.



Se sentir sozinho no meio de uma multidão de pessoas felizes, dançando, curtindo uma festa. Não saber, ou não se permitir curtir com eles. Como sempre, lhe faltam coragem e atitude. E isso te frustra, já que você, como sempre também, gerou expectativas. Você está preso ao que você criou. Daí vem o antigo nome disso aqui, só hoje você entendeu. Por que você sempre cria expectativas, sem nem saber das coisas certas? Por que esse ‘tipo’ de coisa ainda te deixa balançado? Aí você chega em casa, põe aquelas músicas que te fazem pensar, e fica de fato pensando. É melhor ir revê-los.

terça-feira, 21 de abril de 2009

A noite do feriado.



Passar um dia de feriado inteiro em casa sozinho te faz pensar um monte de coisas. Boas e ruins.
Te faz pensar naquela calça apertada que te chama atenção, que te dá tesão e te impulsiona a se masturbar horas depois.
Te faz pensar nas suas atitudes de bom moço, que estão te cansando. Um simples e carinhoso comentário feito sobre você te impulsionou a querer por um momento rápido, porém significativo, ter mais atitude. Se mostrar pro mundo, no sentido mais puro da expressão. Viver uma vidinha mais ou menos está te cansando. Isso faz com que você pense quatro ou mais vezes em pirar, enlouquecer, "viver e não ter a vergonha de ser feliz". Cantando sempre a beleza de ser um aprendiz, talvez pra sempre dentro da sua humildade.
Nesse breve momento passa pela sua cabeça em mandar recados pro mundo dizendo em alto e bom som em quais garotos você se interessa, não tendo vergonha de nada nem de ninguém. Logo depois desse momento sua cabeça racional diz não a tudo que você pensou brevemente. É noite agora, e você não é muito íntimo dessa negra. Ela te engole, quase que não te deixa viver. E você torce para que amanheça logo e ponha em prática tudo que você pensou na negra noite anterior.

domingo, 12 de abril de 2009

Tudo seria bom.



Sair sem saber se você realmente está afim de ir. Indo, perceber que foi a melhor coisa que fez. Se emocionar, mesmo que um pouquinho, porém pôr pequenas lágrimas pra fora. Encontrar uma pessoa num momento de fragilidade, hiper-sensibilidade e carência. Sentar na beira da praia, sentir a brisa da noite, e falar de relacionamentos, de amor, de troca de carinho, de afeto. Olhar pra essa pessoa, admirá-la, olhar, admirar mais, toda sua beleza contida, seus lábios desenhados, seus pêlos bem lisos, seu falar carinhoso, seu jeito meigo e sensível. Olhar essa pessoa e desejá-lo, mas um desejo não somente de um beijo e uma noite de sexo, mas de trocar seus carinhos e afetos com ela, sua energia, a melhor, porque essa pessoa merece a melhor energia que você tem. Olhá-la e perceber o quanto ela é especial, é única, o quanto ela merece ser feliz, ao lado de uma pessoa especialmente bacana, e pensar que essa pessoa bacana poderia ser você. Olhá-la e concordar com todos os seus ideais, seus valores. Desejá-la a fundo, como ser humano, como homem, no caso, querer tê-lo como seu namorado. Com ele você se casaria no exato momento, passaria horas conversando, apesar da timidez dos dois. Olhá-lo, desejá-lo, perceber tudo isso, porém não ter coragem pra dizer pra ele o quanto ele é especial, o quanto ele é único, o quanto ele merece uma pessoa mais que bacana. Não ter coragem de dizer que você o deseja, que você se casaria com ele. Ao fazer tudo isso, você poderia estar estragando toda essa amizade bacana que vocês tem, e isso você não quer. Jamais. Deixá-lo sozinho depois de uma conversa entrecortada de silêncios, se recolher no seu quarto, e pensar. Pensar e imaginar como tudo seria maravilhoso se...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Te pintei.



“Púrpura negra” te pintei. Me sinto agora cansado, depois de despender energia, porém imensamente feliz e pleno. Um cômodo escuro, cheio de fumaça, que baila sobre o ar sóbrio e solitário. Dentro dele um ser feliz, ouvindo sons inspiradores, aspirando cheiro de ervas naturais queimadas. Numa paz interior tremenda eu o fiz, oposta ao que estava ao meu redor. Nem por isso deixei de me inspirar, e continuei meu ofício. Expor a obra me deixa tímido, já que se trata de um momento muito particular, que divido com quase ninguém, não por ser triste, mas por ser íntimo demais para grandes exposições. Ocasionalmente ou não, o pintei no dia do aniversário de minha mãe. A cor que predomina na obra é como o nome já diz, a cor púrpura, roxa. E a cor que minha mãe mais gosta é exatamente essa. Acaso, destino, coincidência? Não sei, não acredito muito nesta última. Enfim, púrpura negra.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Púrpura negra.



Inspirar-me tem sido meus últimos maiores desejos. Ouvir e conhecer novas canções, novos sons, ruídos estranhos, deliciosos pros meus ouvidos, receber isso tudo tem sido minhas últimas atividades. Retrair-me, aflorar-me, pendurar-me no trapézio da vida, com a esperança de que não vou cair no chão. E caso caia, tenho quase a certeza que de um modo novo irei reagir, claramente calmo e sereno. Minha vida hoje, agora, no exato momento, tem a cor púrpura, cheia de fumaças que vão e vem, num balé lindo e sonhador. Minha vida agora, nesse minuto, tem cheiro de incenso natural, queimado com a maior calma. Minha vida está se transformando em púrpura pura, quase negra, opaca, porém com seu brilho interior que encanta a todos. Inspiro-me nisso, e tenho a esperança de que vou me manter inspirado pela eternidade, até quando a Energia-maior me permitir. Sinto minhas mãos leves, num bailado sobre o ar, lento, suave, sensual. Estou gostando de ser e de estar, e quero me dedicar a isso, somente a isso. Minha energia paira sobre a Terra, e atraio quem está na mesma sintonia, púrpura negra. Leve, calma, correndo o rio das canções que não sei os nomes. Sinto-me tudo isso.