domingo, 8 de março de 2009

Já não é mais a mesma coisa.



Ir pra lá já não está sendo como antes. Antes você se acabava de dançar, se divertia, saía exausto. Agora já está meio diferente, não digo pior nem melhor, só diferente. Você já não dança tanto como antes, passa a maior parte do tempo sentado, fazendo o que você mais gosta de fazer: observando o comportamento das pessoas. Pode parecer ridículo pra uns, inconcebível pra outros, inaceitável pra alguns outros, mas você adora fazer isso, e faz constantemente. Tem o Rui, um velho de longos cabelos amarelados, que passa a maior, ou toda, parte do tempo sentado lá em cima chamando os “amigos”, tomando conta da garrafa de vodka, tirando fotos com todos os saradões, e claro, passando a mão em todos. Tem as duas saradonas que se acham as melhores da boate, que namoram, ou são casadas, não sei, com os irmãos gêmeos. Uma com seu imbatível e enorme leque, com suas roupas sensuais, extravagantes, saltos altíssimos, e muito brilho no corpo todo, dançando sempre no queijo. A outra com seus sapatos de bico finíssimo, seu cabelo negro escovado, suas calças justíssimas, com seu bofe do lado, e seu inseparável óculos escuro no rosto. Tem o engraçadinho, que brinca com todos os seguranças, e até brinca de vez em quando com você, seu pirulito vermelho, seu óculos escuro no rosto, e suas danças exóticas. Tem o bonitinho moreno, que você soube recentemente que pega seu amigo de vez em quando, e é super fofo, e está sempre com chiclete na boca. Tem aquele que você acha lindo, o Pedro, que balança o quadril como ninguém, que você é louco pra ficar, mas que não tem nada a ver com você. Tem os seus novos amigos, a Raquel, o Dhan, que estão sempre lá. Tem os amigos dos seus novos amigos, que não são muito a fim de interagir com você, mas são igualmente presentes. Tem o seu amigo Saulo, querido, que vai sempre, cheio dos amigos, conhecendo a boate inteira, interagindo com você, dançando de um modo especial, e sempre acompanhado, cheio dos papinhos secretos. Sempre te abraça de um modo peculiar, e você adora. Tem o Filipe baixinho, que sempre pega dois ao mesmo tempo, agora que está malhando sempre tira a camisa, que faz pegações ultra quentes, e que está sempre com seu amigo de cabelo pra frente, piranha como nunca. Tem os diversos casos do seu antigo amigo, que às vezes está lá também.
Tem o povo da Cal, os que você fala, que você conhece, e outros que você conhece de vista, mas não fala. Tem o Cael, que vai todo fim de semana, com seu boné pro lado, seus olhos lindos, seu charme quase feminino, e quase sempre fala com você. Tem os seus amigos antigos, que de vez em quando vão também, mas não são figurinhas fáceis de encontrar por lá. Tem aquele altão, meio gordo, meio magro, que está sempre com um chapéu de praia que esqueci o nome, de short, geralmente branco, seu sapato branco, ou outro às vezes, seu pirulito na boca, seu óculos escuros meio amarronzado nas bordas, e seu jeito gay de dançar, além das tatuagens. Tem o altão sarado que você acha horrível, com seu jeito super feminino, que boné pro lado, sempre sem camisa exibindo o corpo, que pra você é horrível, com a bermuda enrolando entre as pernas, sempre de cinto. Tem aquele lindo loiro, que você considera o mais bonito da boate, que sempre fica com aquele outro saradinho loiro, que por sua vez fica com vários na mesma noite. Tem o Denis, que você era louco antigamente, mas que hoje em dia não faz a menor diferença, sempre com seu amigo Murilo. Tem aquela magrinha louca, sempre com roupas minúsculas, bem feias e vulgares, que chegou a ir fantasiada de gatinha, fora do carnaval, que está sempre intrometida nos amigos dos outros, e que nunca perde a área vip, nem um camarote. Têm aquelas duas amigas inseparáveis, a magrinha bonitinha que dança muito bem, que você até elogiou e foi agradecido, e a outra com bunda grande, de cabelo enroladinho feio, sempre de tops minúsculos, acompanhadas claro, do amigo delas, um garotinho magrinho, que faz as sobrancelhas, usa roupas quase femininas, e é pavoroso. Tem as drags, claro. Aquela que faz carão e é horrenda, aquela outra igualmente horrenda, que faz biquinho, de cabelão liso escorrido, com uma bunda de silicone enorme, e outras que não me recordo agora. Tem a Lacraia, sempre com roupas minúsculas, cabelo enroladinho meio molhado, mini-saias, sapatos altíssimos, sombra nos olhos, batom extravagante, e seu amigo inseparável, com seu cabelo feio e grande, enroladinho loiro falso, balançando a cabeça de forma rápida várias vezes, chegando a ser engraçado, e sempre te chamando atenção. Tem muito mais, muitos outros, que não me lembrei agora, mas que são figurinhas fáceis de encontrar. E tem você também, que antigamente só ia de preto, tentando esconder as gorduras, mas que quebrou um tabu e passou a ir de branco sempre, se sentindo melhor. Todos eles fazem parte do mundinho paralelo que é aquilo, que você se cansa, mas continua freqüentando.