sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A mulher na rua.



Hoje passando por uma rua familiar minha, rente à calçada, vi quase no fim dela uma curiosa mulher. Ela vinha em minha direção, meio cambaleante, com os pés descalços e completamente nua. Ela tinha pouco peito, já bem caídos devido a idade que aparentava ter, uma pequena barriga, seus pêlos pubianos estavam bem grandes, e não viam tesoura há tempos. Sua pele morena escura estava um pouco machucada, e bem suja. No primeiro segundo fiquei boquiaberto, no segundo dei um leve sorriso, e no terceiro me bateu pena. Se eu me lembro bem, a única coisa que ela vestia era uma cordinha fina no tornozelo, ou no pescoço, não sei. A mulher andava meio que sem rumo, parecia, sem saber onde ia parar. Todos na rua a olhavam, sem entender sua atitude. Seria ela uma moradora de rua, teria sido assaltada, estuprada e aí então levaram suas roupas, teria ela uma casa, família? O que estava ela fazendo ali, completamente nua? Seria um ato de protesto? Acredito que isso não. Me gerou uma série de questões. Quantos 'sem-rumo' devem existir por aí?

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"Raízes".



"Raízes" é fruto da minha vontade de exaltar as minhas possíveis raízes negras. O fundo terroso seria minha vida, e uma variação da minha cor preferida. No alto, uma grande raiz, forte, negra, escura, em alto relevo, representando tudo relacionado ao povo negro, seja ele keto, banto, jêje, angola, ou de onde for. Dessa grande raiz irradiam diversas raízes menores, representando cada gosto meu. Seja ele por samba, por samba-de-roda baiano, por jongo, por côco, pela África em si, por candomblé, pela terra, pela cor marrom, pela etnia. Eles já diziam, se cada um de nós nos ligássemos às nossas raízes, nós seríamos muito mais verdadeiros. Na verdade não sei se minha raiz de fato é negra, digo se descendo de negros, lá atrás, mas a minha paixão é tanta por tudo isso que citei que me determino descentente. Um VIVA!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Só.



O cômodo que me encontro tem uma fumaça permanente de incenso natural de ervas. Um ar sóbrio, onde toca músicas que me dão saudade, me consolam, me fazem chorar, pensar, refletir...
Um vidro se quebrou, os cacos continuam no chão, espalhados, esperando que alguém os pegue. A mesa está cheia, e acendo um incenso atrás do outro. Os odores se misturam, e a fumaça permanece, sóbria e imponente. Elas cantam seu louvor. E eu choro, por dentro e por fora. Gotas espalhadas pelo chão, pela cama, pelas paredes, pelo teclado, pelo meu corpo, pela minha roupa, por tudo. Meu olho inchado, de tanto sofrer com a 'secreção-triste'. Me sinto vazio, despido. Um misto de torpor e sono me consome. Não sei se ainda estou bêbado, ou se estou com sono, mas normal eu não estou. Normal não, depois de tudo. Me sinto só, muito só. Só.

Sem como descrever.



Sinto um vazio enorme me corroendo. Mas um vazio tão grande, que é como se minha mãe tivesse morrido. Depois de um tempão ainda continuo atônito, atordoado, perdido, confuso, sei-lá-o-quê. Suspeito que eu esteja colocando um peso excessivo nisso tudo, mas de fato tudo me magoou, e muito. Por isso estou assim. Dói viu, como dói. O importante agora é contar com o apoio dos amigos (?). Me sinto carente. Carente de afeto, de carinho, de um beijo, na bochecha que seja, de um ombro amigo pra chorar, de um abraço apertado de quem você ama, um cafuné, essas coisas indispensáveis. Dói muito a decepção. E pensar que... Nossa...
Me sinto mal, depois da noite. Mal no sentido do que fiz, do que não fiz, do que poderia ter feito. Me sinto muito confuso, distante, aéreo, perdido. Será exagero meu? Não sei, talvez. Mas como dói.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A empresa.



Ontem ao chegar no galpão, fui recebido com um grito, alto e nervoso. Um grito de "Pááára". Dois segundos depois outro grito, dessa vez mandando a cadela parar de latir. Bela recepção não? Tudo que uma pessoa deseja receber quando chega cansado depois uma manhã pesada. Logo em seguida o telefone toca, é um carregamento que está chegando. Cento e cinqüenta caixas médias de papelão, que serão levadas embora só no ano que vem. O telefone toca de novo. Dessa vez deu um problema na empresa que transporta as caixas. Mais uns gritos de leve, pessoas correndo de um lado pro outro, escrevendo, ligando e desligando telefones, e os cachorros latem! Latem mais! E mais! Um minuto depois toca a campainha, são mais caixas que estão chegando. Enquanto alguém assina o papel da entrega chega mais um representante de outra empresa requerendo uma assinatura. Desce a escada, e chama outra pessoa pra assinar. "Fulano, isso não pode continuar assim, tenta resolver isso aí". No outro cômodo, uma pessoa cozinha o almoço que será servido aos funcionários da empresa que funciona nesse galpão. O cardápio do dia é: frango grelhado, alguma salada de ontem, arroz e feijão. Todos comem, menos a gerente, e o funcionário junior, que passa o dia num dos cômodos trabalhando. O funcionário senior sai às vezes durante o dia para pegar um carregamento que sempre dá problema. A funcionária junior anda de um lado pro outro esperando respostas. Atende os telefonemas, responde e-mails, fala com o assistente da gerente. Toca a campainha de novo, são mais 50 caixas pequenas que estão pra chegar. Serão acomodadas todas no cômodo de entrada do galpão. O dia vai acabando, mas a empresa continua funcionando à todo vapor. A funcionária junior costuma ir embora lá pelas 18:00. Os outros continuam trabalhando, trabalhando, trabalhando...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Começando a me cansar...



O universo perfeito está começando a me cansar. De novo, porque isso já aconteceu uma vez. Algumas coisas estão me irritando. A soberania dos corpos teoricamente perfeitos, as pessoas transfiguradas, os jogos de sedução completamente nojentos e asquerosos, o nariz empinado deles, a 'forma metida' como tratam os outros, a completa falta de educação de 98% deles, o jeito de dançar arrogante, o álcool em excesso, o beijo tratado como uma coisa extremamente banal e suja, o amor que é desacreditado, a sedução escrota. Já não sei mais se...
Vou revê-los.

domingo, 30 de novembro de 2008

Universo (quase) perfeito.



Seria muita pretensao do criador 'daquilo' colocar como slogan "Universo Perfeito", se quase não fosse realmente. É como se fosse um universo paralelo, onde as pessoas têm outra vida, diferente da do cotidiano. Gostaria muito de encontrar muitas das pessoas que vejo por lá fora daquele ambiente, pra ver como elas realmente são, porque elas provavelmente não são daquele jeito. Chega uma hora pra mim que basta, chega de tantos corpos juntos, suados, com certos odores característicos, cansa. É tudo muito louco, tudo muito encantador à primeira vista, tudo muito surreal. Aquela cena não sai da minha cabeça, os três, juntos, entrelaçados, como se fossem um só. Aquele clima de mistério, de 'não-sei-o-que', aquela ostentação, aqueles narizes empinados, corpos e rostos transfigurados, é tudo tão mágico, e ao mesmo tempo nojento de se ver. Sinto nojo daquilo tudo, ao mesmo tempo que me encanta. Por que será que me encanta? Diante daquilo tudo, às vezes o melhor é ficar sozinho mesmo, observando, só observando. Acontece tanta coisa paralelamente ao que já é paralelo. Coisas engraçadas, absurdas, nojentas, esdrúxulas, e é tudo tão encantador. Dançar perto de quem você está afim, lançar olhares, encontrar um colega, dançar sua música preferida, dar gritos de repente, fugir dos banhos de cerveja e das pontas de cigarros que passam rente à você, admirar certas pessoas, rir de outras, sentir desprezo por mais outras, e tudo mais. Ficar olhando pra "ele", ficar pensando "nele". No fundo, sempre tenho uma esperança, mesmo que pequena, mas tenho.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Foi um sonho...



Foi um sonho, nada mais. Primeiro estava numa casa, uma grande casa, com muitos amigos, espalhados por ela. Bethânia estava lá também, felicíssima, e eu beijava seus pés, seu rosto. Brincávamos muito, sorríamos muito. Depois saímos, fomos ate o portão, era uma grande descida até o tal portão. Chegando lá, bem ao longe, na enorme rua que se estendia à frente, havia uma briga entre umas pessoas, e logo depois um homem foi esfaqueado. Alguns amigos que estavam lá pra ver a briga correram rapidamente pra dentro do portão, e entraram na casa onde estávamos. Depois estávamos no Teatro Paco, parece, não me lembro ao certo. E acho que era em Salvador. Só que os amigos eram os da escola. Logo depois surgiu um rapaz no meu colo, ele estava semi acordado, e eu carregava ele pra não sei onde. Eu o beijei na boca, e sua boca era muito molhada. Eu já conhecia aquele beijo, não sei de onde. E sabia que ao beijar eu ia tremer na cama, dormindo, pq ia ver aquele tal homem que encontro sempre. Mas o beijo dele era tão bom, mas tão bom, que fiquei com aquela sensação até agora, acordado. A casa era muito grande, muito cheia, de amigos, todos sorrindo, bebendo, alguns se beijavam, transavam, assim, na frente de todos. Mas não era uma orgia não, o clima era diferente. Éramos todos muito amigos, e nos gostávamos muito. Depois apareceram minha irmã e minha prima, com os seios deformados, e à mostra. Tinham feito um tratamento, comum a todas as meninas do sonho. E eu tinha pago esse tratamento pra minha irmã, só que o resultado era desastroso, já que seus seios haviam ficado meio quadrados. Depois estávamos numa festa, de um primo meu, só que era um lugar que já conhecia de longa data, não sei de onde. Tinham umas oferendas no chão, umas velas espalhadas, uns doces também. O lugar era meio que um hospital desativado, e me trazia uma lembrança muito boa. Foram muitas coisas, uma atrás da outra, mas o beijo daquele homem me marcou muito. Me sinto confuso agora, tentando entender aquele monte de coisas. Mas será que tem explicação? Parecia que já tinha sonhado aquilo antes, eu lembrava daquelas pessoas, daqueles lugares, e me batia uma saudade. Era um sonho, nada mais.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Distante.



Meu vazio dói. Sinto um vazio quase que sem fim. Quase. Me sinto distante. Distante deles, e choro. Ouço músicas que me dão saudade. Saudade de algo que não sei muito bem o que é, e que não sei se vivi. É, não sei se vivi. Um sentimento que poderia ter lá com meus 80 anos, já o sinto. Não quero muito contato com ninguém, quero ficar só. Ao mesmo tempo quero todos ao meu lado. Eles e todos, aqui, bem perto, sorrindo pra mim. Ouço músicas que me dão saudade. Quero me expressar, mas não sei como. Escrevo. Mas será que é um escrever falso? Não importa. Penso na ‘noite’ e me pergunto: será que vale a pena? Não sei, não sei mesmo. Toda aquela ostentação, aquela vaidade. Misturo tudo na cabeça. Já estou melhor. Mas me sinto ainda distante, de mim e deles.

Mal-bem.



Essa música me traz uma incerteza, uma angústia, uma saudade. Mas eu gosto de ouvi-la. Me sinto mal-bem, como ela diz. Mas hoje não estou bem, não fiquei bem na verdade. Estou bem, quer dizer, mas tem no fundo umas preocupações. Coisas pra resolver a curto e longo prazo. Terapia dói às vezes, quase sempre. Nem sempre estamos preparados pra ouvir e saber de certas coisas. E hoje acho que não estava. Até que a coisa não foi tão ruim, e na verdade eu já bem sabia, mas ouvir de novo me doeu, e depois de tudo que aconteceu. É, coisas aconteceram, não tão boas. Mas estou tranqüilo, naquele estado, mal-bem. Aprendi isso, graças a Deus, ou melhor, acho que estou aprendendo. Não só isso, mas um monte de coisas. Ela me ajuda a me conhecer, a amadurecer, mesmo que às vezes regrida, por uns instantes, afinal, eu também erro, se é que regredir é errar. Mas aos poucos isso vai diminuindo, quando for adquirindo mais consciência das coisas, apesar de que acho que já tenho de bastante coisa, ao contrário de muitos, né? Mas vamos levando, na confusão da vida.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Trama".



"Trama" é o terceiro dessa nova fase. Nele, expus duas tramas, duas vidas, a minha e a da pessoa-ideal. Elas têm suas complexidades, suas dificuldades, seus altos e baixos, suas voltas, reviravoltas, seu percurso que não pára. Em algum momento da vida elas irão se encontrar. Só não sabemos quando. O centro de cada trama é representado por um círculo, imponente, de massa bruta, disforme. Ao lado e acima está a energia maior que nos rege (Deus?), olhando, e comandando o trajeto dessas tramas, único e soberano. Ele é branco, redondo, e irradia, no meu imaginário particular. As linhas das tramas sao fininhas, difíceis. Ao longo do percurso elas se contrapõem, passam por cima umas das outras, se chocam intimamente. Não se sabe onde elas começam e nem onde terminam, só se sabe que elas existem. O fundo branco é tudo e nada ao mesmo tempo. É tudo porque é o mundo em que nós vivemos, e é nada porque isso aqui onde estamos não passa de um elementozinho criado. E eu quero que não seja nada, só branco e infinito. Não importa.

domingo, 16 de novembro de 2008

Não me sinto bem...



Não me sinto bem. Me sinto estranho, confuso, ansioso. E me bate um desespero de pensar que posso estar voltando a ser como era antes. Porque fiquei tão abalado?! Pode parecer bobo o que aconteceu, mas pra mim fez diferença, e como fez. Só fez aumentar meu vazio, e doeu. Pra mim, isso dói muito. Mas não posso me deixar abater por isso. Esse é só o primeiro, de muitos que virão, com certeza. Por que era certo de acontecer?! Não podia ser ‘sim’? Só porque...
Depois a noite, tão confusa, rápida, cheia de coisas...
Me deixou meio atônito, atordoado. Dormi demais também, isso me deixa mal, mas precisava, senão ia estourar, e não queria.
Não quero chorar, tem tempo que...
Mas não sei, talvez aconteça...
Criei muita expectativa e me frustrei muito, como sempre. Mas isso não estava acontecendo, por que aconteceu agora?! As pessoas não me atendem, não me respondem. Sinto-me vigiado, com dedos apontando pra mim! Não posso estar regredindo! Não posso estar regredindo...

sábado, 15 de novembro de 2008

A noite.



Passei a noite acordado. Dormi pouco. Ficamos conversando, eu e uns amigos, a noite toda, até quase 6 da manhã, bebendo, fumando, debatendo, rindo, rindo mais, sabendo coisas, e tudo parece tão encantador. A noite tem muito disso, tudo é muito encantador. O Cristo azul na janela, a neblina, velas acesas, boas companhias, charutos, cigarros, bebidas, e um clima bom. Depois de ter assistido uma peça que nos faz pensar, depois encontrado uns outros amigos num bar perto daqui, e depois casinha, no aconchego, seguro de tudo, e todos. Agora de manhã não consigo dormir mais, fico aceso, aqui no computador, tentando escrever. Ouvindo músicas nostálgicas, olho pro dia e penso em como a noite é encantadora. A gente não se vê direito, os olhares se forçam, ficamos mais sexuais, aflorados. Ainda mais bebendo. Por que precisamos da noite? E se não existisse a noite, como seria? Será que tudo seria menos encantador? Acho que não, o dia também tem seus encantos, menores, mas tem. Bate uma pequena saudade da noite, quando é boa, claro. Mas sentir saudade de uma coisa que acabou de acontecer? É, pois é, eu sinto. Olho pro outro dormindo, pro dia. Caralho, já é dia! Na noite tudo é mais encantador mesmo, foda-se. Esperemos a próxima.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Saudade.



Ao ouvir minhas músicas, sinto uma coisa estranha, mas imensamente boa. Pra mim, é hiper emocionante ouvir aquelas senhorinhas bem pobrezinhas, com a pele toda enrugada, cambaleando por conta da idade avançada, porém cheias de encanto, de beleza, de tradição, de Brasil. Suas vozes esganiçadas, prejudicadas pelo tempo, e não-firmes, preenchem meu peito de emoção, de felicidade, de ‘sentimento-bom’, e principalmente de saudade. Sinto saudade ao ouvi-las. Mas saudade de algo que eu não vivi, algo que eu gostaria de vivenciar, que gostaria de passar, de ouvir, de tocar, de estar. Curioso...
Me encanta esse Brasil interiorano, cheio de fé, de pessoas lindas, por dentro principalmente, com seus amores, suas histórias, suas bênçãos, suas rezas e ladainhas. Como elas me preenchem, essas ladainhas. Quase sempre me emociono as ouvindo, e não me canso de dizer o quanto acho lindo tudo isso. Queria achar outra pessoa que concorde comigo, porque até hoje não encontrei. Seria aquela pessoa? Como eu queria que fosse...
Às vezes quando estou ouvindo-as simplesmente paro o que estou fazendo, e olho o nada. Escuto, sinto a presença delas. Deixo essas sensações me preencherem, e aí choro, baixinho, triste e feliz ao mesmo tempo. Enxugo as lágrimas, dou um leve sorriso, e continuo a fazer certas coisas. E continuo a sonhar, sempre. Sonhar sempre...

domingo, 9 de novembro de 2008

Algumas coisas cansam...



Fui pra aquela boate ontem. Não foi tão bom. Me cansei de certas coisas algumas horas.
Porque certas pessoas têm necessidade de ficar se gabando, dizendo que é o mais foda, o melhor dos melhores, que pega 30 numa noite, que é lindo e encanta a todos? POR QUÊ?! Por que ficar ostentando uma coisa que não é real, é falso, é mentira, por que essa necessidade? De mostrar pro outro que pode tudo, que tem uma pulseirinha vip, que bebe, que fuma, que fode, com o tão famoso ego lá no céu. Acho isso tudo extremamente ridículo, abominável, escroto, de uma baixeza incomparável. Tenho asco de gente assim, e infelizmente é o que mais existe nesse meio em que vivo. É foda. No fundo, no fundo, essa pessoa se acha a pior, e precisa disso tudo pra não mostrar ao outro sua fragilidade. Pura defesa. Dá uma puta vontade de jogar isso tudo na cara dessas tais pessoas, mas jogar mesmo, pra elas ficarem totalmente abaladas, desiquilibradas e caírem na real. Isso cansa, como cansa. Vontade de mandar essas pessoas tomarem no cu.
Já os revi demais hoje.
É só.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O menino na rua. Apenas uma reflexão...



Hoje voltando pra casa, passando por uma avenida super movimentada aqui perto, vi um menino, moreno, bem magro, aparentando ter uns 18 anos, exatamente no meio da grande avenida, dançando, fazendo graça pros carros que perto dele passavam, tirando fios. O que leva um menino a fazer esse tipo de coisa, a correr esse risco todo, de ser pego por um ônibus em altíssima velocidade? Ou um carro, moto, que seja. Seria ele um menino de rua, teria ele uma casa, uma família, será que ele estuda alguma coisa, teria ele um emprego? Acredito que não estude, senão um colégio levado ao léu, uma casa distante dali de onde estava, uma família não muito bem organizada, e um emprego com baixo salário. Será que ele ama, será que é amado? Teria ele sonhos? Ou será que ele não se permite ter sonhos, ou então a vida não lhe deixa, sendo tão rígida com ele? Porque ele fazia aquilo? Seria para mostrar poder aos amigos, que estavam na calçada o olhando? Seria apenas divertimento? Pra onde ele estaria caminhando, indo para onde?
De onde ele vinha?
Imagina se fôssemos fazer todas essas questões sobre todas as pessoas que víssemos num só dia? Numa hora apenas. Seria impraticável.
E será que essas perguntas realmente importam pra você e pra mim?


(ouvindo Beatles)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

“O medo perante a vida”.



Ouvindo Beirut, “Nantes”.
Voltei hoje, mais um. Não me importa se ficou bonito ou não, o que importa é que tem um sentido pra mim, e me preenche. Nele, as cores vivas predominam. Amarelo, dois tipos, laranja e vermelho fazem um degradê circular em volta de mim, que sou representado por um ovo negro, escuro, igual ao meu vazio. No centro desse vazio existe uns pontos coloridos, que são minha pontinha de bem estar e saúde que vai surgindo aos poucos, e que tenho que deixar aumentar. Mas com o tempo isso melhora, é só eu querer. E eu acho que eu estou querendo. Bom sinal.
Em volta, surgem pontos negros, que são as pessoas que estão à minha volta. Claro, não pude representar todas, porém as representei de forma simbólica, como tudo ali presente. Algumas mais perto de mim, outras mais distantes, assim como na vida.
“Nantes” acabou, agora do álbum “Transa”, “You don’t know me”. Bem calmo, assim como me sinto agora, depois de me expressar.
Está me fazendo bem tudo isso, pretendo continuar, vamos ver até quando. Por longos tempos...assim será. “O medo perante a vida”, assim ele se chama.

“Eu não me arrependo de você”, CÊ.

domingo, 2 de novembro de 2008

Na noite...



Acabei de chegar de uma boate, famosa aqui e lá. Muita gente, muitas coisas legais, muitas bizarrices, gente bêbada, enfim. Tida como o “O Mundo Perfeito”, e é quase. Ao entrarmos lá dentro, tudo se transforma. Tudo que é teoricamente proibido de fazer abertamente aqui fora, lá dentro é permitido. É como se fosse um outro mundo, uma outra dimensão. Álcool em excesso, drogas, em excesso também, ‘pegações’, mais pegações, mais mais e mais. Isso é o que mais tem. Já era de se esperar, já que aqui fora eles teoricamente não podem. É ótimo pra dançar, dançar muito, pra encontrar certos amigos, conversar com eles, estar com eles. E por incrível que pareça, uma das coisas mais interessantes na minha opinião é sentar num dos inúmeros sofás e ficar observando as pessoas. Tem de tudo, seres humanos quase transfigurados, modificados, pessoas passando mal, de tanta droga, berrando, tendo alucinações, bolinhos de pessoas se beijando, pessoas que não sabem dançar, outras que dançam muito bem, até mesmo alguém que dance pra trás (isso mesmo, alguém que dança pra trás), aqueles que passam a noite procurando alguém, os que vão sozinhos, e terminam a noite sozinhos, outros que ficam loucos atrás de uma pulseirinha vip, enfim.
Ao sairmos, tudo volta como a ser como era antes. Eles recolocam as camisas no corpo, tiram às vezes o óculos escuro, se recompõem. Ao mesmo tempo em que é bom, tenho nojo dessas bizarrices, pega um aqui, depois pega outro do lado, daqui a pouco pega OUTRO do outro lado, depois se pegam juntos, enfim. Asco. Na noite eles se revelam, se soltam, ninguém diz no dia a dia quem eles realmente são. Apesar disso tudo, volto e volto mais.
Preciso ir revê-los.
É só.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Essa pessoa...



Essa pessoa é encantadora. Linda, de bom coração, de bom caráter, super sensível. Ela me liga praticamente todos os dias pra conversar, está sempre sempre do meu lado, me dando força nas horas tristes, rindo comigo nas alegres. Ela me manda mensagens no celular, o que eu adoro. Ela diz que me ama, que me adora. Me liga todos os dias, lá pelas onze pra me dar boa noite, eu retribuo claro, com o maior carinho. Aliás, percebe-se que ela tem o maior carinho por mim, e eu por ela. Ela tem os gostos parecidos com os meus, ouvimos o mesmo tipo de música, gostamos de sair pros mesmos lugares. Ela ouve Bethânia, gosta de um sambinha de roda, de jongo. Gosta de mim como eu sou, único. Conheço a família dessa pessoa, nos damos super bem, eu e os pais dela, os irmãos também. Andamos de mãos dadas pela rua, sem medo e sem nos preocupar. Ficamos sempre na varanda da minha casa olhando as estrelas, admirando a lua, sempre tão linda. Fazemos amor, claro, normalmente. E é sempre TÃO bom. Ela me surpreende com afetos, presentes às vezes. Com ela foi amor à primeira vista. Com ela perdi minha virgindade. Gostamos de sair pra jantar juntos, numa mesa reservada, sem muitos olhares por perto. Sempre comemos num bistrô aqui perto, ótimo por sinal. Vamos ao teatro, ao cinema, ao supermercado. Vivemos cada momento, já que eles são únicos. Hoje, comemoramos um ano de namoro. Essa pessoa me deu um presente lindo, que eu adorei. Eu fiz um jantar pra gente, à luz de velas, e lhe dei um outro presente, que é segredo. Vamos dormir juntos, agarradinhos, de conchinha, depois de jantar. Ela me ama, me aceita. Ela, ele.
Essa pessoa, tão esperada, não existe.

"O recomeço da volta".



Voltei, depois de anos. Representa “O recomeço da volta”. Nele encontra-se minha cor preferida: marrom. Nele ofereço uma rosa a você, vermelha e grande, completamente desabrochada, imponente. O círculo é a volta que isso deu, e a volta que estou tendo. O vermelho se sobressai. O fiz na fumaça, linda, ouvindo a ‘central’. Escrevo ouvindo “Alabaiarodé”, sempre encantando. Comecei, vamos ver se continuo. Espero que sim, quero criar uma identidade, única e soberana, e não mais copiar, sem sentimento. Uma pequena e interessante felicidade me bate, por causa da volta. Nele eu os vejo, nele encontro sentimento. Sim, estou bem. É .

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

E se um dia...



Na minha opinião, todas as pessoas deviam ter uma terapeuta. As que não tem não imaginam como é bom ter uma pessoa disponível pra te ouvir sem te julgar, sem apontar dedos pra você, uma pessoa que vai te compreender sempre, vai te dar conselhos, te ajudar a se entender, a entender o outro, a entender porque tem certos comportamentos, e muito mais. Só que tem também o lado complicado, porque ela vai te mostrar os seus fantasmas, aquelas coisas que estão no fundo do seu coração, da sua alma, que você nunca pensou em mexer, às vezes não tinha nem consciência que existiam. E dói viu, como dói mexer nesses fantasmas. Dá vontade de ir embora, de mandar a terapeuta ir tomar no cu, de se matar, de tudo. Mas ela com a maior calma conversa com você, e diz, que se você quiser ir embora pode ir, que se quiser mandar ela tomar no cu pode mandar, e se quiser se matar também pode, só que o único prejudicado será você, e não ela. Simples assim. Aí você leva aquele baque. FODA, mas interessante. Aí tem dias que você percebe que ela está diferente. E aí me pergunto: e se um belo dia, sua terapeuta resolver não te atender mais?! E se ela se cansar de você, cansar de ouvir suas histórias, suas lamentações, e mandar tudo pro inferno, inclusive sua vida, que você confiou a ela há tempos e tempos? E AÍ?! Aí, penso eu, FUDEU. Até ela passar o trabalho pra outra pessoa, essa pessoa te conhecer, você ganhar confiança nela, demora, demora passar todo esse processo. Complicado, mas possível um dia de acontecer.

(pros que fazem terapia)

Aqueles dias.



Ouvindo “Trois gymnopedies” , do Erik Satie.
Tem dias que a gente acorda meio deprimido, meio ‘down’, não querendo muita conversa, querendo se isolar, assim, meio “sei lá”. Aí você não cumprimenta direito os amigos, não emite sons, não fala nada, no máximo o som da sua respiração pode ser ouvido. O dia fica feio, passa rápido, às vezes até devagar, você se sente distante de tudo, desanimado com o trabalho, com os estudos, fica descrente, ouve músicas que te deixam mais pra baixo, chora, é consolado, às vezes não, chora mais, dorme o dia todo, tem sonhos estranhos, fica reflexivo, depois chora mais um pouquinho. Por que será que essas coisas acontecem? Por quê? O que será que acontece com nossa alma, nosso espírito, com nosso cérebro, nosso coração? Você procura respostas pra tudo, e muitas vezes não encontra nada. Aí piora tudo, Deus não existe mais, ninguém te ama, ninguém te quer, todos vão morrer etc. E se esses dias se repetem com freqüência? Aí fudeu né, haja terapia.
Será que ficar se questionando piora ainda mais essas situações? Será que nessas horas se nós ficássemos apenas quietinhos, parados, isolados, concentrados, a dor não passaria? Não sei, podemos tentar.
A única coisa que sei é que dói, como dói sentir tudo isso.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Impressão.



Paraliso-me perante o que vi e ouvi. Quero imergir na fumaça. Sentir e observar. Só observar. Pequenos gestos, muito pequenos. Sensibilidade e emoção. Não tenho palavras para descrever o que sinto. Vazio preenchido, e de uma maneira como nunca antes. Quero adentrar a fumaça, ficar nela. Não quero dividir isso com quase ninguém. Me calo, me calo. Não sei se rio, se choro, se fico mudo, se falo, se ponho pra fora, ou se expresso de outra maneira. Quero isso pra mim. Concentração absoluta. Não sei se tive a certeza que precisava. Só sei que o vazio foi preenchido. Salve Iansã, salve Ogum, salve Iemanjá, os três citados. Eparrei, Ogunhê, Odoiá. Epa babá, tão citado, porém como “Deus queira”. Não consigo prosseguir, aqui me calo.
02/09/08 – 22:38

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A fé.



O que é a ? É você acreditar em alguma coisa com bastante força, será acreditar em algo? Pode ser. Às vezes me pergunto se ainda a tenho. Encontro respostas controversas de mim mesmo. Acho que ainda tenho um pouco, por tê-la perdida há tempos, por conta de certas coisas. Esses dias, entrei em um prédio de costume na minha cidade. Ao entrar, vi um pequeno e bonitinho altar, onde continha uma imagem de gesso de um santo que não me recordo qual é. Estava eu entrando, quando vejo na minha frente uma senhora, devia ter lá seus 60 anos, ou mais. Ela então se aproximou da imagem de gesso, meio que se ajoelhou, mas nem tanto graças à idade, e deu um leve beijinho na cabeça do santo. Deve ter pronunciado pequenas palavras, de louvor, pra si. Achei bonito observar a fé daquela senhora. Será que ela realmente acredita que ao beijar um pedaço de gesso ela vai obter frutos, felicidade, sorte, amor? Será mesmo? Acho que não acredito em imagens desses tipos, porém as adoro, as acho lindas, e num futuro não muito longe pretendo ter um altar daqueles em casa, só que bem maior, com várias imagens. Agora me pergunto: pra quê? Pelo simples fato de achar bonito. É, bonito mesmo, só isso. Mais bonito e louvável ainda foi observar a fé daquela mulher. Igual a ela conheço dezenas de outros, que fazem a mesma coisa, senão “pior”. “Pior” não no sentido de isso ser uma coisa ruim, mas no sentido de fazerem mais. Nesse mesmo prédio existe uma pequena capela. Ela consiste num único cômodo, toda pintada de branco, puro, com alguns bancos de madeira, pesados, algumas imagens de gesso, de determinados santos, uma espécie de altar, onde se prostra um padre provavelmente, umas caixinhas de madeira, onde provavelmente são depositados votos, pedidos, dos mais variados possíveis. Lá se realizam missas em certas horas. Essas capelinhas, e igrejas no geral são conhecidas como “A casa do senhor Deus, e de seu filho Jesus” (?), e são locais onde as pessoas gostam de ir para rezar, pedir, agradecer, acreditando realmente que lá seja um local abençoado, puro e com boas energias (ou será que passa na cabeça delas que entre nós circulam diferentes energias?). Aí me pergunto: quem me garante que Deus ou Jesus, ou seja lá que santo for, irá “morar” ou “freqüentar” aquele determinado lugar, construído ao léu? Me faço outra pergunta: porque essas pessoas acreditam de fato que em apenas um cômodo de concreto pintado, com pedaços de imagens de gesso pintado, bancos de madeira feitos em massa, um pedaço de mármore desenhado, umas caixas de som, um livro chamado de “A bíblia”, e outras coisas mais possa ser um lugar de paz, abençoado, onde elas vão conseguir sorte, amor, etc, freqüentando esse recinto?? Quem as garante que Deus e Jesus estão naquele lugar no momento que elas estão lá?? Não entendo. Talvez até tenha explicação. Não estou aqui julgando não, mas apenas questionando essas coisas.
Acho lindo tudo isso que disse acima. Acho lindo a fé das pessoas, seja ela em santos católicos, em orixás, em inquices, voduns, em água benta, em colares, amuletos, em Buda, em tudo tudo. Acho louvável, e de fato é. Bonito mesmo, admiro essas pessoas, juntamente com sua fé.
Será que aquele velho ditado “A fé move montanhas” é verdadeiro?
Bom, na minha humilde opinião, acho que sim, ela move o coração das pessoas, isso eu tenho certeza.
Queria que ela movesse o meu também.
Preciso ir revê-los, já já.
Isso já é mais do que o começo.


domingo, 26 de outubro de 2008

Vazio a ser preenchido.



É noite. Meia-noite. Olho e penso. Olho pros tambores virados, pro copo d'água, pra Maria Flor, pra 'A Barca', pra caixinha marrom, pro arco, olho pra você e pra mim. E penso, será que um dia. À essa hora vou poder compartilhar com alguém, isso tudo? Compartilhar algo mais eu quero, não só isso, mas aquilo. Penso nos três, no que se passou hoje. Penso em amanhã, no que se passará.
Eles já reverberam dentro. A língua já adormece. Me dá fome, sono, vontade de cair, deitar, e.
Os papéis colados na parede já não adiantam mais. Enche tudo de fumaça e cheiro gostoso.
Shiva me olha, parada, calada, com os seios à mostra. Será que mais alguém me olha?
Não flui, preciso ir revê-los, já já.
Isso é o começo.

Aguardem.