domingo, 17 de maio de 2009

O poço.


Um poço. Profundo, bem profundo. Joguei uma pedrinha nele em janeiro, ou fevereiro, não sei ao certo, e ouvi um barulho. De cara, foi um barulho diferente, que me encantou, que me chamou a atenção, e me despertou a vontade de ir até esse poço encantado mais vezes. E fui. Certo dia, percebi que sua água estava mais rasinha, meio tímida. Na certa, ele estava com problemas. Como fazia pouco tempo que o visitava, preferi não perturbá-lo, e não joguei nenhuma pedrinha, o deixei quieto. Mas fiquei com ele na cabeça. Pensando muito naquele dia em que o vi retraído. Um tempo depois fui visitá-lo, e percebi sua melhora. A árvore que o cobre estava florida, cheia de bonitas flores branquinhas, puras e ingênuas. Peguei uma que estava caída, sozinha, no chão e guardei comigo. Guardo-a numa cestinha no meu quarto. Essa noite, ela me contou segredos, e estava linda, desabrochada como nunca. Ela me contou que a raiz de sua mãe, a árvore, fica no fundo desse poço, nas suas profundezas. Sua raiz é tão longa que chega até o fundo da Terra. Hoje fui visitar o poço encantado, fiquei em frente a ele, horas a fio, admirando sua beleza, sua delicadeza. Decidi cantar-lhe uma música. De tão emocionado com a canção ele começou a chorar, transbordando. Então me despedi dele, e já indo embora, eu ouvi sua voz me chamando. Ele me perguntou meu nome, eu o respondi. Depois lhe fiz a mesma pergunta, e ele me respondeu com felicidade: “Meu nome? Sílvia”. Agora que sei seu nome, que estamos mais íntimos um do outro, sempre que puder, sempre que precisar e quiser, vou lá visitá-lo. Vou alimentá-lo, jogando uma pedrinha, ouvindo o som que ela produz ao cair no fundo dele. Esse poço é encantado, é mágico, e estar perto dele me faz muito bem.

Te amo.

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