domingo, 28 de junho de 2009

Deixa estar.



Por que esses assuntos te deixam tão atônito? É estranho o que sinto, mas não sei não sentir isso. Pelo menos por enquanto.
Talvez, num futuro próximo. É como se a história se repetisse, sempre, naquele mesmo disco arranhado. Será que da mesma forma que eu escolhi “aquele” disco, eu escolhi esse também?
Já são cinco da manhã, e não tenho sono ainda. Depois de assuntos tão diversos, tão bonitos, tão ‘tão’. Você já imaginava que isso fosse acontecer, ou que isso estivesse acontecendo. Mas mesmo assim você fica incrédulo, e com outro sentimento. Sentimento este ‘irrevelável’. Revelável somente pra uma pessoa, com hora marcada e tudo. E pensar que tudo era tão diferente há tempos atrás, nossa. Isso te tira o sono, te tira o sossego. MALDITO SEJA, Deus que me perdoe. E ainda fico ouvindo essas músicas. Mas deixa estar, a minha também vai chegar. E quando chegar vai acabar com tudo. Eles é que vão ter esses sentimentos, vão ficar incrédulos, chocados, e principalmente com aquele sentimento ‘irrevelável’. “Um brinde” a essa noite tão calorosa. Boa, ótima, mas com percalços.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sinto muito a sua falta.



Ouvir aquelas músicas e relembrar dos bons tempos. É isso que tenho feito. Não só ouvindo aquelas músicas, mas as lembranças me vêm a todo o momento. Hoje, em especial, senti muito a sua falta. Muito mesmo. É como se tivesse batido um arrependimento de tudo aquilo que lhe falei, mas ao mesmo tempo, sei que precisava dizer tudo aquilo. Precisava mesmo, e assim o tempo passou, tudo aquilo se perdeu, ou está se perdendo, ao meu ver. E isso me entristece, muito. O bolo de aniversário de vários andares, com muitas velas acesas está caindo. Muitas fatias já foram cortadas, algumas com violência. Violência esta por ambas as partes, e por parte da chuva. As velas estão quase apagadas, mas eu ainda tenho uma caixa de fósforos e alguns poucos palitos dentro. Praticamente todo dia eu risco um palito e tento acender uma velinha, mas aí vem um vento de não sei onde e a apaga. Só que vejo que os palitos estão acabando, e não tem como comprar outra caixa, essa era a última das últimas. Substituir a massa do bolo também não tem como, muito menos o recheio. Alguns pedaços eu comi, há muito tempo, outros pedaços você comeu, outros ainda foram aqueles cortados com violência. Ainda agora, há alguns minutos atrás, você surgiu do nada, do escuro, e conseguiu acender uma velinha. Eu fiquei protegendo a chama para que ela não se apagasse. A chama durou pouco tempo, fiz o maior esforço, mas percebi que você deu uma assopradinha de leve, sem querer que eu notasse. Mas eu notei, e fiquei triste. Esse enorme bolo fica numa sala escura, num sobrado mal iluminado da Rua Amizade, número 0. Ele está no meio de uma sala, totalmente escura, e há somente um foco de luz em cima dele, iluminando-o bem. Hoje eu estava em pé ao lado do bolo, admirando-o, e de repente alguém acendeu um palito de fósforo do meio do breu. Era você vindo acender a velinha, e aconteceu aquilo que descrevi.
A sala é toda fechada, pois se entrar algum ventinho, as velas se apagam. Na porta do sobrado mal iluminado têm dois seguranças tomando conta da área. Porém eles não falam, são mudos. Não ouvem, são surdos. E não enxergam nada, pois são cegos. Só enxergam o breu, e vultos que passam por eles. Vez em quando algumas pessoas passam pela porta do sobrado, e abusam do não-poder dos seguranças. Essas pessoas tentam incendiar o sobrado, atiram pedras, tentam derrubar aquele lugar, e roubar o tão precioso bolo despedaçado.
Aquele bolo é sagrado, é muito precioso, e extremamente importante para mim. Acho que pra você também. Acho, não sei.
Uma vez, há algum tempo atrás, houve uma forte tempestade, que derrubou algumas telhas do telhado do sobrado, o que ocasionou goteiras na sala. Os pingos d’água caíam justamente em cima do bolo, e penetravam seu interior, tamanha a força da água. De madrugada, nesse mesmo dia, a chuva se intensificou, molhando mais ainda o bolo, lhe arrancando pedaços, tal era a violência da chuva. Logo que a chuva passou, fui visitar o sobrado, e tentei consertar o telhado da sala. Recoloquei algumas telhas, mas faltou um pedacinho de uma delas, e de vez em quando ainda cai uma gotinha de água no bolo, mas essa gota é menor. Esse bolo tem nome e sentimentos. Mas só quem sabe da existência dele somos eu e você. Quando nos conhecemos, fizemos uma espécie de pacto de que sempre protegeríamos esse bolo, e estamos aqui, desde aquele tempo, cuidando dele.
Ele é frágil. A massa dele é feita de carinho, tem recheio amor-de-irmão doce, com cobertura de perdão. Quando o fizeram, não capricharam na cobertura, e isso explica muita coisa.
Na ocasião em que guardamos o bolo lá dentro, deixamos um CD arranhado tocando todo o tempo a mesma música. Essa música se chama “Canção do amor sem fim”.
Todos os dias eu o visito, tento conversar com ele, mas tem dias que ele não me dá bola, em outros ele é até simpático. Ontem, quando fui visitá-lo, lhe dei um presente. Levei um pouquinho de calda de perdão, pra tentar repor a cobertura. Ele me retribuiu com um sorriso leve, e um obrigado meio rápido.
Sim, esse bolo sorri, ele chora, canta, dança. Tudo isso paradinho, em cima de uma mesa. Sempre tenho o cuidado de deixar o foco de luz que tem em cima dele bem aceso, para que ele não fique no escuro nunca. Ele tem medo de escuro.
Sabe, há algumas semanas, venho percebendo que alguns pedaços da massa foram arrancados, ou comidos, não sei. Mas como pode, se só quem entra lá somos eu e você? A não ser que você tenha comido um pedaço, ou arrancado...Mas você não teria essa coragem, de lhe arrancar um pedaço...Teria?
Cuido dele com o maior prazer. Passo horas com ele às vezes.
Ele bolo tem o poder de nos fazer feliz, de nos trazer tristezas. Ele nos causa sempre alguma sensação quando o vemos. Ele tem poder, e precisa ser cuidado, até quando nos for permitido.

Você quer continuar cuidando dele comigo?
Vem, me dá a mão...