sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A mulher na rua.



Hoje passando por uma rua familiar minha, rente à calçada, vi quase no fim dela uma curiosa mulher. Ela vinha em minha direção, meio cambaleante, com os pés descalços e completamente nua. Ela tinha pouco peito, já bem caídos devido a idade que aparentava ter, uma pequena barriga, seus pêlos pubianos estavam bem grandes, e não viam tesoura há tempos. Sua pele morena escura estava um pouco machucada, e bem suja. No primeiro segundo fiquei boquiaberto, no segundo dei um leve sorriso, e no terceiro me bateu pena. Se eu me lembro bem, a única coisa que ela vestia era uma cordinha fina no tornozelo, ou no pescoço, não sei. A mulher andava meio que sem rumo, parecia, sem saber onde ia parar. Todos na rua a olhavam, sem entender sua atitude. Seria ela uma moradora de rua, teria sido assaltada, estuprada e aí então levaram suas roupas, teria ela uma casa, família? O que estava ela fazendo ali, completamente nua? Seria um ato de protesto? Acredito que isso não. Me gerou uma série de questões. Quantos 'sem-rumo' devem existir por aí?

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"Raízes".



"Raízes" é fruto da minha vontade de exaltar as minhas possíveis raízes negras. O fundo terroso seria minha vida, e uma variação da minha cor preferida. No alto, uma grande raiz, forte, negra, escura, em alto relevo, representando tudo relacionado ao povo negro, seja ele keto, banto, jêje, angola, ou de onde for. Dessa grande raiz irradiam diversas raízes menores, representando cada gosto meu. Seja ele por samba, por samba-de-roda baiano, por jongo, por côco, pela África em si, por candomblé, pela terra, pela cor marrom, pela etnia. Eles já diziam, se cada um de nós nos ligássemos às nossas raízes, nós seríamos muito mais verdadeiros. Na verdade não sei se minha raiz de fato é negra, digo se descendo de negros, lá atrás, mas a minha paixão é tanta por tudo isso que citei que me determino descentente. Um VIVA!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Só.



O cômodo que me encontro tem uma fumaça permanente de incenso natural de ervas. Um ar sóbrio, onde toca músicas que me dão saudade, me consolam, me fazem chorar, pensar, refletir...
Um vidro se quebrou, os cacos continuam no chão, espalhados, esperando que alguém os pegue. A mesa está cheia, e acendo um incenso atrás do outro. Os odores se misturam, e a fumaça permanece, sóbria e imponente. Elas cantam seu louvor. E eu choro, por dentro e por fora. Gotas espalhadas pelo chão, pela cama, pelas paredes, pelo teclado, pelo meu corpo, pela minha roupa, por tudo. Meu olho inchado, de tanto sofrer com a 'secreção-triste'. Me sinto vazio, despido. Um misto de torpor e sono me consome. Não sei se ainda estou bêbado, ou se estou com sono, mas normal eu não estou. Normal não, depois de tudo. Me sinto só, muito só. Só.

Sem como descrever.



Sinto um vazio enorme me corroendo. Mas um vazio tão grande, que é como se minha mãe tivesse morrido. Depois de um tempão ainda continuo atônito, atordoado, perdido, confuso, sei-lá-o-quê. Suspeito que eu esteja colocando um peso excessivo nisso tudo, mas de fato tudo me magoou, e muito. Por isso estou assim. Dói viu, como dói. O importante agora é contar com o apoio dos amigos (?). Me sinto carente. Carente de afeto, de carinho, de um beijo, na bochecha que seja, de um ombro amigo pra chorar, de um abraço apertado de quem você ama, um cafuné, essas coisas indispensáveis. Dói muito a decepção. E pensar que... Nossa...
Me sinto mal, depois da noite. Mal no sentido do que fiz, do que não fiz, do que poderia ter feito. Me sinto muito confuso, distante, aéreo, perdido. Será exagero meu? Não sei, talvez. Mas como dói.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A empresa.



Ontem ao chegar no galpão, fui recebido com um grito, alto e nervoso. Um grito de "Pááára". Dois segundos depois outro grito, dessa vez mandando a cadela parar de latir. Bela recepção não? Tudo que uma pessoa deseja receber quando chega cansado depois uma manhã pesada. Logo em seguida o telefone toca, é um carregamento que está chegando. Cento e cinqüenta caixas médias de papelão, que serão levadas embora só no ano que vem. O telefone toca de novo. Dessa vez deu um problema na empresa que transporta as caixas. Mais uns gritos de leve, pessoas correndo de um lado pro outro, escrevendo, ligando e desligando telefones, e os cachorros latem! Latem mais! E mais! Um minuto depois toca a campainha, são mais caixas que estão chegando. Enquanto alguém assina o papel da entrega chega mais um representante de outra empresa requerendo uma assinatura. Desce a escada, e chama outra pessoa pra assinar. "Fulano, isso não pode continuar assim, tenta resolver isso aí". No outro cômodo, uma pessoa cozinha o almoço que será servido aos funcionários da empresa que funciona nesse galpão. O cardápio do dia é: frango grelhado, alguma salada de ontem, arroz e feijão. Todos comem, menos a gerente, e o funcionário junior, que passa o dia num dos cômodos trabalhando. O funcionário senior sai às vezes durante o dia para pegar um carregamento que sempre dá problema. A funcionária junior anda de um lado pro outro esperando respostas. Atende os telefonemas, responde e-mails, fala com o assistente da gerente. Toca a campainha de novo, são mais 50 caixas pequenas que estão pra chegar. Serão acomodadas todas no cômodo de entrada do galpão. O dia vai acabando, mas a empresa continua funcionando à todo vapor. A funcionária junior costuma ir embora lá pelas 18:00. Os outros continuam trabalhando, trabalhando, trabalhando...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Começando a me cansar...



O universo perfeito está começando a me cansar. De novo, porque isso já aconteceu uma vez. Algumas coisas estão me irritando. A soberania dos corpos teoricamente perfeitos, as pessoas transfiguradas, os jogos de sedução completamente nojentos e asquerosos, o nariz empinado deles, a 'forma metida' como tratam os outros, a completa falta de educação de 98% deles, o jeito de dançar arrogante, o álcool em excesso, o beijo tratado como uma coisa extremamente banal e suja, o amor que é desacreditado, a sedução escrota. Já não sei mais se...
Vou revê-los.