sábado, 23 de maio de 2009

Falta de pele.



Sinto falta de toque, de pele, de corpo encostado no meu. A essa altura poderia ser o toque de qualquer pessoa. E já que não posso no momento ter isso, me satisfaço com uma colcha pesada. Mas a falta é grande, é como se meu corpo pedisse. Ele pede outra pele, eu lhe dou um pedaço de pano, e o resultado é meio estranho, mas funciona por enquanto. É sábado à noite, fico em casa, ouvindo as músicas que não sei os nomes, o incenso aceso, ventilador desligado, cheiro de poesia e palavras soltas no ar. Vontade de me jogar em cima de alguém, naqueles que você gosta, ou até naquele que você pensa em gostar. Como sempre sempre, lhe falta a bendita coragem. Sinto que está quase estourando, isso e outras coisas. Revê-los tem sido bem difícil. Oxalá a coragem lhe venha então.

domingo, 17 de maio de 2009

O poço.


Um poço. Profundo, bem profundo. Joguei uma pedrinha nele em janeiro, ou fevereiro, não sei ao certo, e ouvi um barulho. De cara, foi um barulho diferente, que me encantou, que me chamou a atenção, e me despertou a vontade de ir até esse poço encantado mais vezes. E fui. Certo dia, percebi que sua água estava mais rasinha, meio tímida. Na certa, ele estava com problemas. Como fazia pouco tempo que o visitava, preferi não perturbá-lo, e não joguei nenhuma pedrinha, o deixei quieto. Mas fiquei com ele na cabeça. Pensando muito naquele dia em que o vi retraído. Um tempo depois fui visitá-lo, e percebi sua melhora. A árvore que o cobre estava florida, cheia de bonitas flores branquinhas, puras e ingênuas. Peguei uma que estava caída, sozinha, no chão e guardei comigo. Guardo-a numa cestinha no meu quarto. Essa noite, ela me contou segredos, e estava linda, desabrochada como nunca. Ela me contou que a raiz de sua mãe, a árvore, fica no fundo desse poço, nas suas profundezas. Sua raiz é tão longa que chega até o fundo da Terra. Hoje fui visitar o poço encantado, fiquei em frente a ele, horas a fio, admirando sua beleza, sua delicadeza. Decidi cantar-lhe uma música. De tão emocionado com a canção ele começou a chorar, transbordando. Então me despedi dele, e já indo embora, eu ouvi sua voz me chamando. Ele me perguntou meu nome, eu o respondi. Depois lhe fiz a mesma pergunta, e ele me respondeu com felicidade: “Meu nome? Sílvia”. Agora que sei seu nome, que estamos mais íntimos um do outro, sempre que puder, sempre que precisar e quiser, vou lá visitá-lo. Vou alimentá-lo, jogando uma pedrinha, ouvindo o som que ela produz ao cair no fundo dele. Esse poço é encantado, é mágico, e estar perto dele me faz muito bem.

Te amo.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sonhe querido.



A comida me sobe e tenho preguiça de pensar. Tomo um gole d’água, escuto aquelas músicas agradáveis, sinto o cheiro do incenso queimando. Paro, escrevo, e penso. Depois tomo mais um gole d’água e escrevo, não querendo abandonar isso aqui.
Estou suando e sentindo frio ao mesmo tempo. Preciso de carinho, de abraços, de beijos afetuosos, e já que não tenho nada disso no momento, me satisfaço com uma colcha pesada, fofa, que me protege da noite, e dos medos. Ela me dá carinho, ela me conforta, e eu desejo por hoje ficar sozinho, mesmo que precisando disso tudo. Meu quarto cheira a “Flora”, e está imerso na fumaça, como eu gosto. Por instantes você pensou ter “perdido” a noite, seu bem-estar, mas depois de ler sua resposta tudo se clareou, parece. Debaixo da colcha pesada o suor escorre, mas prefiro ainda ficar coberto, assim me sinto protegido, dentro do meu ninho. A noite lá fora corre solta, cheia dos mistérios. Eles já fazem efeito dentro de você, e o torpor começa, mas você percebe que hoje, sexta-feira, a angústia é menor, quase não existe. Aquela angústia, quero dizer.
No táxi pra cá você desejou o seguinte: sentar num barzinho calmo, ou qualquer outro ambiente igualmente calmo, com uma música baixinha, ao lado de uma pessoa agradável, conversar sobre a vida, sobre o amor, sobre relacionamentos passados, caso existam, presentes, caso existam também, e futuros, que você realmente espera que existam. Depois pegar um táxi, ou uma carona com essa pessoa, chegar em sua casa no nível da rua, dar boa noite pro porteiro do prédio, subir pro seu apartamento, e curtir o resto da noite. Colocar um som bacana, acender seu incenso preferido, pôr uma roupa confortável, sentar ou deitar na sua cama ou no sofá, e pensar em como aquela pessoa é gentil e educada. De fato uma companhia agradável.
Ahh, sonhe querido, sonhe. Quem sabe um dia isso venha a se tornar realidade. Sonhar pra você, sempre.

domingo, 10 de maio de 2009

Ficar pensando, sempre.



Se sentir sozinho no meio de uma multidão de pessoas felizes, dançando, curtindo uma festa. Não saber, ou não se permitir curtir com eles. Como sempre, lhe faltam coragem e atitude. E isso te frustra, já que você, como sempre também, gerou expectativas. Você está preso ao que você criou. Daí vem o antigo nome disso aqui, só hoje você entendeu. Por que você sempre cria expectativas, sem nem saber das coisas certas? Por que esse ‘tipo’ de coisa ainda te deixa balançado? Aí você chega em casa, põe aquelas músicas que te fazem pensar, e fica de fato pensando. É melhor ir revê-los.