sábado, 22 de agosto de 2009

A velha história.



Ah, mais uma noite de festa, mais uma daquelas, mais garotos soltos na negra luz, mais sonhos, desejos, mais flertes não vingados, mais essa velha e conhecida história. Um episódio que se repete, às vezes a cada semana, a cada quatro ou cindo dias. Os gatos pardos passam por você na noite negra que se ergue e começa felicíssima. Pequenos passeios, mesas de bar, seus conhecidos, outros amigos, e a boemia, sua colega. Sobe-se uma ladeira semi-escura, chega-se ao lugar enfim. Reencontro de amigos, velhos e novos, olhares soltos e perdidos. Alguns olhares certeiros, sempre à procura de algo, ou alguém. Algum gato pardo manso que queira um urso carente e sem pêlos. São vários nesse momento de busca, mas você os põe na balança rapidamente, e pesam quais são os mais bem cotados. É ele! Aquele, de camisa de malha, manga comprida, branca. Ou então se esse não der pode ser aquele outro, sei lá, algum outro. A sua primeira opção toda hora vem te abraçar, manda beijo, grita seu nome lá de baixo, ora lá de cima, vem, te abraça de novo, e claro, você cria aquela enorme expectativa. Rolar ou não rolar. Falta de alguns amigos, sorte de fazer outros. A hora passa, e nada acontece com você. E ao redor, simplesmente tudo acontece, é incrível. Louvável, como diria aquele pequeno grande homem. Você na sua ansiedade de ficar bêbado e louco, bebe exatamente sete doses de vodka com limão e açúcar, entremeado com uma água. Sente vontade de (...), pra sua pequena tristeza. Se senta no primeiro andar, quase encosta a cabeça na mesa com tampão de mármore, dando a nítida impressão que as coisas não vão muito bem. Mas você resiste, e não cai, fica firme, mesmo sentindo uma leve tontura nos Andes. Os gatos pardos passam, voltam, passam de novo, e nada. A festa termina, a luz se acende, e as máscaras se revelam. Caras desbotadas, borradas, transfiguradas devido ao álcool aparecem na clareza do dia que começa a nascer. Aquela pinta costumeira de fim de festa, conta paga, despedidas, inclusive com o da malha branca, táxi, lanche, e casinha. Aí aquela velha baboseira de sempre, o mesmo ritual. Até que enfim, você senta na sua cadeira negra, olha pra tela do seu computador, abre essa página, e começa a escrever sobre tudo que se passou há poucas horas atrás.

Termina, se fecha, deita na cama, e torna a sonhar, tal e qual fez na negra nova passada.

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