quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Carnaval.



Ficar 12 horas dentro de uma boate pode ser e é bem cansativo, mas se torna prazeroso quando ir pra essa boate é sua única opção de carnaval. A sorte é que você encontra sempre uns amigos, e aí interage com eles, conversam um pouco, dançam em outros momentos, e acaba conhecendo os seus respectivos amigos. Alguns, porque os outros não parecem estar muito a fim de interagir e conversar com você. Uma pena, já que você tem ido pra lá aberto a fazer novas amizades. Aquilo lá virou a sala de estar da sua casa, ou melhor, das nossas casas. Ou ainda melhor, o quintal, onde nos sentimos bem à vontade. Lá, a grande maioria das pessoas só querem saber de 'pegação', e quando você decide fazer um simples elogio a alguém, a uma pessoa com uma roupa bonita, ou algo que você achou interessante, essa tal pessoa acha que você vai querer dar em cima dela, e te trata como lixo, claro, não querendo ser galanteada. E você ri da situação ridícula que a pessoa criou, e decide escolher bem quem você quer elogiar, já que você gosta de fazer isso. Naturalmente, o garoto que você mais se interessou nesse período faz parte daquele nosso conhecido seleto grupo de amigos, e se torna muito mais difícil de interagir com ele, conhecendo bem o grupinho como eu acho que conheço. Acho, pois a cada noite, a cada fim de semana me surpreendo mais. Vão surgindo mais e mais integrantes e você percebe que o grupo é bem maior do que você imaginava, logo, impossibilitando de você conversar com grande parte da boate, já que ela é tomada por eles.
O famoso ditado “Ninguém é de ninguém” se enquadra bem a essa época do ano, e é seguido pela maioria dos seus amigos. Menos por você, que acha tudo isso absurdo, ridículo, patético e tudo de ruim. Você se enoja com toda essa banalidade que virou o jogo da conquista, da sedução, o beijo é tratado como um simples encostar de bocas e línguas, perdendo todo o encanto que merece. O sexo então, nem se fala, é feito com a mesma facilidade com que se engole saliva. E muitas vezes acabam engolindo outra coisa, de uma pessoa que você acabou de conhecer não faz nem meia hora. Patético, e triste. Triste porque você é uma pessoa que valoriza a sedução, o relacionamento, o sexo, o beijo, se este for tratado com o respeito que merece. Patético por saber que essas pessoas realmente pensam assim, uma pena de fato. Às vezes é até preferível passar o Carnaval sem beijar ninguém do que fazer o que fazem por aí. Me choca e me machuca toda essa banalização do afeto, que não existe numa hora dessas. Trocam-se amassos, apertos, beliscões, se passa a mão em tudo quanto é lugar, lambe-se tudo e todos, e o principal de tudo: você troca sua energia com outra pessoa. Só que claro, ninguém pensa na energia numa hora dessas. A sua energia, que você trata de equilibrar sempre, que você tenta manter positiva, que é única e soberana, sendo interferida pela de outra pessoa que você nunca mais vai ver e pode guardar resquícios da energia dessa outra pessoa com você. Triste da maioria das pessoas não pensarem assim, triste mesmo, e me deixa triste. Me magoa toda essa banalização, essa perda de afeto, essa incompreensão do que é afeto de fato. Chego a ficar mexido, sem nem mesmo participar disso tudo. Imagina se participasse, como iria me machucar. Graças a Deus penso dessa maneira e os outros que não pensam são capazes até de rirem de mim. Mas pode deixar, não ligo. Não é porque é Carnaval, época devassa, que vou contra tudo que penso e valorizo. Não é porque é Carnaval que vou sair por aí dando e comendo Deus e o mundo, que vou beber todas os drinks, cervejas, e tudo mais. Não vou sair por aí desperdiçando minha energia com qualquer um que encontro na rua, passo a mão e trepo. Pra depois nunca mais olhar pra ele, ou ela, porque está valendo tudo na altura do campeonato.
É muito triste ficar sozinho, nós sabemos, mas prefiro ficar sozinho a cometer essas atrocidades, arrisco a dizer.
Triste saber que a maioria dos que você convive pensam bem diferente de você. Mais uma vez faz você se sentir um estranho no ninho, como em tantas outras situações. “All those beautiful boys” te encantam até certo ponto, já em outros te escandalizam, como os três da noite passada, tão quentes e tão sujos no meu imaginário. É complicado não pensar como a massa. Me sinto ‘mal-bem’ como aprendi, e continuo aprendendo. Que sorte a minha de pensar assim...

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