sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A noite passada.



É muito bom dançar, e ultimamente é a coisa que mais tenho feito. Balançar o quadril, as pernas, os braços, agitando-os. Pular, gritar, deslizar com a sandália no chão molhado, fazer caras e bocas, e achar que está mandando super bem. Só achar, porque quando você olha pro lado tem dois caras idiotas rindo da sua cara, caçoando de você. Aí você disfarça, fica se sentindo um merda, olha pro lado, diminui o ritmo da dança, e depois recomeça, quando eles já estão pra lá, bem longe de você. Ir pra um lugar, o mesmo de sempre, sem saber se realmente se quer ir. Chegar lá, dar de cara com as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas. Pular mais, gritar mais alto, se sacudir sem pensar, não ligando pros outros nessa hora. Berrar quando toca sua música preferida, dançar loucamente nessa hora, sem se importar com quem está do seu lado, com as pessoas que passam por você esbarrando, ou em quem você esbarra. Tudo isso tem me feito muito bem, apesar dos pesares. Isso tudo me exorciza, me liberta, e tem me feito feliz pra caramba. Só que chega uma hora, no meio da noite, quando você senta pra descansar, que as coisas mudam. Passa por você o menino que você está afim, e nem te olha, e quando olha é por um segundo apenas. Você pensa na vida, na sua claro. Aí se sente sozinho, no meio daquela multidão de gente, todos aparentemente felizes por estarem ali. O tal menino passa de novo, e senta do seu lado, mas onde está a coragem para chegar e falar com ele? Falta a coragem, ME falta coragem. Pra isso e pra um monte de outras coisas, que penso nessas horas. Uns se beijando num canto, outros se agarrando em outro canto, seu amigo que você encontrou lá dançando com seus outros amigos, e você se vê sozinho, de novo. Aliás, sempre. É difícil não pertencer a um grupo restrito, principalmente àquele. Eles parecem ser tão fechados, um pouco preconceituosos, e a meu ver, se bastam. Parece que não precisam se relacionar com outro tipo de gente, porque eles se bastam, simples assim. E quando o menino que você está afim pertence a esse seleto grupo? Torna-se mais difícil ainda. Mais: quando seu amigo, aquele que você encontrou lá, TAMBÉM pertence a esse grupinho? Aí só te resta a solidão, já que você, felizmente ou infelizmente, não pertence a esse grupo. Tudo isso forma uma série de questões na sua cabeça, e aí você vem aqui escrever, porque te faz bem, te liberta. Ou melhor, ME liberta. As minhas noites ultimamente tem sido difíceis, quase sempre. E tem servido pra eu aprender que a noite é obscura, negra, perigosa às vezes. Que preciso tomar cuidado, senão ela me engole, e eu não vejo mais o dia nascer.

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